Especialistas nas áreas de economia e política falaram sobre Modernização e Reformas: o desafio brasileiro em painel realizado na quarta-feira (23), no Teatro do Sesi, no segundo dia da Expoagas 2023 – 40ª Convenção Gaúcha de Supermercados. O encontro teve a participação do filósofo, cientista político e professor do Instituto de Ensino Superior em Negócios (Insper), Fernando Schüler, do economista Marcelo Portugal, e do economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, com a mediação da jornalista e colunista de economia do jornal Zero Hora, Marta Sfredo.
“O desafio é ficar rico antes de ficar velho”. Com esta frase Marcelo Portugal iniciou sua explanação diante de um Teatro lotado. “Este ditado serve tanto para pessoas como para países que, neste caso, não podem perder o bônus demográfico”, salientou. O economista destacou que o país está perdendo a força de trabalho, a produtividade e que isso é um complicador para a economia do país. “Aumentar a produtividade e otimizar a força de trabalho é um dos desafios para o Brasil”, enfatizou.
Ele citou que entre 1980 e 2019 o Produto Interno Bruto (PIB) per capita no Brasil foi de 34%, da América Latina de 74%, dos Estados Unidos 95% e do Sudeste Asiático 342%. Portugal cita que um dos principais motivos para este baixo índice do PIB no Brasil foi a hiperinflação na década de 80, além de outras situações que considera importantes para este cenário, como “uma estrutura trabalhista arcaica, um judiciário e serviço público extremamente ineficientes e a Constituição de 88 que estabelece regras não amigáveis para o crescimento e desenvolvimento do Brasil”.
O economista Antônio da Luz trouxe uma reflexão sobre o quanto vale o tempo? “Somos um povo que emprega energia em coisas erradas. Por exemplo, a mesma força de trabalho empregada por um funcionário da Alemanha, no Brasil são necessárias sete pessoas e isso não está correto. Significa falta de planejamento e organização”, enfatizou.
Luz ressaltou que a educação precisa ser vista com um olhar reformista. “O protagonista não é o aluno, é o professor. Temos que olhar para a educação com menos lirismo e mais objetividade”. Em relação ao sistema tributário, Luz disse que o Brasil tem o 6º pior do mundo e que é a favor da Reforma Tributária. “A Reforma pode causar algumas preocupações, mas vai tornar o processo mais transparente, como o IVA”, exemplificou.
Já Fernando Schüler afirmou que “o problema é que somos o país do ziguezague, ou seja, são inúmeras reformas com poucos avanços”. Schuler considera que a reforma da previdência e trabalhista foram um avanço e tem o diagnóstico do porquê é difícil fazer tais reformas. “O Estado, além de ser grande, foi forjado por duas longas ditaduras que não produziram nenhuma reforma. Há a ilusão do “mercado autossuficiente”, além de um baixo índice de confiança interpessoal”, destacou.
O cientista político ainda listou alguns problemas que freiam a produtividade e o desenvolvimento do país. “O judiciário é muito caro, representa 1,4% do PIB, o funcionalismo 13,2%, a maior carga tributária da América Latina, com 34%, um legislativo com um custo que representa 528 vezes a renda média do brasileiro e ocupa a 122ª posição no ranking de “Efetividade Governamental”, do Banco Mundial”, lamentou.