Em momentos distintos, os candidatos ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni e Eduardo Leite, ouviram de entidades médicas, os principais pleitos na área da saúde. Os representantes de cada entidade contaram com uma apresentação de três minutos para expressar o que esperam do próximo governador para a área da saúde. O primeiro que foi recebido foi o candidato Onyx Lorenzoni, às 14h30min. Eduardo Leite foi recebido às 16h. O presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul, Gerson Junqueira Jr., trouxe para o debate a preocupação com a qualificação do Ensino na área Médica.
“A qualidade do ensino médico no Brasil e dos novos formandos é cada vez mais preocupante, principalmente àqueles oriundos de Escolas Médicas que não oferecem campos de estágio, hospitais de ensino e outras condições para a boa formação acadêmica. Uma assistência em saúde qualificada depende, sobremaneira, de uma formação acadêmica com capacitação completa.Em contrapartida, o crescimento inusitado e acelerado da força de trabalho médico foi impulsionado pela abertura de novas Escolas e pela expansão de vagas em cursos de graduação de Medicina já existentes. O Brasil tem hoje 546,3 mil médicos, mais do que o dobro que tinha no início do século. Temos profissionais suficientes para atender a população brasileira, o problema está na sua distribuição.O Rio Grande do Sul tem 34,7 mil médicos habilitados, correspondendo a 6,3%. dos médicos brasileiros. São 20 escolas de Medicina, totalizando a quarta maior proporção de médicos por 1 mil habitantes no país”, afirmou.
O presidente da Amrigs levantou quatro tópicos fundamentais: 1) manutenção da Moratória das Escolas Médicas – portaria n° 328/2018; 2) exigência do exame Revalida; 3) parametrização dos cursos de Medicina e 4) formação acadêmica de excelência e educação médica continuada.
Proposta de Onyx Lorenzoni
Em seu pronunciamento inicial, o candidato, Onyx Lorenzoni, comentou que a saúde precisa ser uma prioridade no Rio Grande do Sul. “De maneira reiterada, a saúde encontra muitas dificuldades. De um modo geral os governos têm dificuldades. Há um gargalo complexo a ser enfrentado. Ao mesmo tempo é curioso ver que a modelagem do SUS funcionou na pandemia. Outras estruturas de outros países falharam. Isso aconteceu porque a pandemia nos ensinou que quando os recursos chegam, hospitais e SUS respondem”, afirmou Onyx.
A respeito do questionamento da AMRIGS, o candidato Onyx Lorenzoni, ressaltou que havia no passado a errada sensação de que abrir faculdades resolveria um problema. “Ao contrário, acabam criando outro. A minha proposta é manter o Revalida e queremos estimular que alunos de menor condição financeira possam se dedicar à saúde da família e da comunidade. O Governo do Estado e o Governo Federal podem dar algo importante neste sentido porque direciona a prevenção. Temos de desenvolver essa mentalidade”, respondeu.
Quanto ao IPE Saúde, Onyx defendeu uma gestão técnica: “Se eu for governador não vai ter nenhum membro de partido. Vocês, entidades, vão me ajudar a montar um corpo técnico do IPE Saúde. Precisamos de uma gestão que compreenda as dificuldades do Rio Grande do Sul. Temos fontes alternativas com imóveis do Estado a dívida ativa que pode avançar muito”, acrescentou.
Proposta de Eduardo Leite
O candidato Eduardo Leite iniciou sua fala destacando os resultados de esforços feitos no Rio Grande do Sul no período crítico da pandemia. “O Rio Grande do Sul na pandemia teve o menor número de óbitos no país. O indicador que melhor atesta a eficiência do que tivemos é esse e foi possível graças a um esforço coletivo de muita gente, entre elas os gestores que lideram os hospitais. Cabe lembrar que quando assumimos o Estado há quatro anos, havia uma crise financeira que impactava muito. Nosso esforço inicial foi colocar as contas em ordem e voltar a ter pagamentos de salários, hospitais, prestadores de serviços em dia”, afirmou Leite.
A respeito do questionamento da Amrigs, o candidato Eduardo Leite, ressaltou que é importante fazer uma análise aprofundada do tema. “Assim como queremos mais médicos, sem dúvida a qualidade de formação importa muito. Sabemos que é um papel do Governo Federal a fiscalização sobre a qualidade dessa formação. Além disso, uma de nossas preocupações é reduzir ao máximo o transporte de pacientes. Claro que contar com especialistas em todas as regiões não é possível e nem viável, mas reduzir isso ao máximo.”, respondeu.
Em relação ao tema do IPE Saúde, Eduardo Leite, lembrou que no início do governo havia o desafio de reforçar recursos em diversos serviços. “Resolvemos pagamentos de funcionários e prestadores de serviço e com essa autoridade, asseguramos que somos nós que temos condições de equacionar essa situação. Houve um aumento expressivo de demanda, uma inflação real maior na área da saúde, do que a medida oficialmente e isso agrava o cenário”, acrescentou. Por fim, Eduardo Leite defendeu uma reestruturação do Instituto com melhor previsibilidade de remuneração.
Organização
A iniciativa foi da Federação das Santas Casas, entidade sindical que representa as 247 Santas Casas e Hospitais Filantrópicos gaúchos. Ela é formada por 6 Sindicatos: Sindiberf, Sindiberf Noroeste, Sindicato dos Hospitais Filantrópicos da Serra, Sindicato dos Hospitais Filantrópicos do Vale do Taquari, Sindicato dos Hospitais Filantrópicos do Vale do Rio Pardo, Sindicato dos Hospitais Filantrópicos do Vale dos Sinos. A Amrigs promove no dia 25 de outubro debate entre os dois candidatos ao Governo do Estado no Teatro Amrigs. O início está previsto para 13h10min.