A tecnologia muda o mundo todos os dias, mas, nos últimos meses deu um salto alcançando milhares de usuários em todo mundo que passaram a contar com o uso de Inteligência Artificial na produção de textos e imagens. Mais famoso entre os recursos hoje disponíveis, o ChatGPT da empresa OpenAI é, sem dúvida, uma novidade para os amantes de automatizações.
Na prática, o site possibilita a criação de qualquer texto depois de uma orientação inicial usando como base informações já disponíveis na rede e – algo novo –, com uma linguagem próxima a de um ser humano, aproximando a comunicação ainda mais dos usuários.
Apesar de não ser relativamente nova, o uso de Inteligência Artificial para a criação de textos e imagens deu um salto significativo em 2023 e está cada vez mais popularizada entre crianças, jovens e adultos que agora contam com a máquina para produzir todo tipo de texto. A ferramenta vem sendo incluída no dia a dia de empresas como forma de simplificar tarefas cotidianas e agilizar processos.
Ameaça ou oportunidade?
Enquanto profissionais de comunicação usam o recurso para otimizar suas entregas e acelerar processos criativos, a novidade também chega para quem ainda está com o cérebro em formação, e, é aí, segundo a especialista do SUPERA, que mora o problema.
“Veja bem: estamos falando de crianças em idade escolar que ao criarem um texto, ao pensarem em uma imagem, ao inventarem uma realidade, estão criando conexões cerebrais porque é justamente disso que se trata: aproveitar o melhor momento do cérebro para absorver todo tipo de conteúdo e correlacionar esses conteúdos para que eles façam sentido em breve, na vida adulta”, alerta Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA.
A pesquisadora explica ainda que quando as crianças “começam a optar pelo caminho preguiçoso muito cedo, terceirizando a um algoritmo o trabalho de esforço mental que elas mesmas deveriam ter, temos sim um cenário de atenção para a sociedade”. O que pode afetar o desenvolvimento cognitivo e a capacidade criativa do indivíduo de forma negativa, tornando-o dependente de recursos que são fabricados por eles.
As crianças são o público mais prejudicado pelo uso do sistema. A neurocientista lembra ainda que, assim como outras tecnologias, o ChatGPT e o uso de Inteligência Artificial são um caminho sem volta. “Nosso papel enquanto formador de opinião não é ir contra a corrente, pois o ChatGPT é a nova calculadora. Mas temos sim o dever de alertar sobre os prejuízos deste tipo de tecnologia para quem ainda não tem discernimento para fazer o bom uso do recurso”, justificou.
Inteligência Artificial X inteligência Humana
Embora recursos como o ChatGPT só funcionem bem com riqueza de detalhes e autoridade de quem usa a ferramenta, o recurso está completamente condicionado a informações que já estão disponíveis na rede – que não são poucas. Estamos falando de uma ferramenta que funciona como uma rede neural humana, mas com capacidade de armazenamento (memória) que envolve absolutamente tudo o que existe na internet.
Apesar de a Inteligência Artificial ainda não conseguir correlacionar fatos de forma clara, sobretudo as informações que envolvem a capacidade analítica do ser humano em tirar as suas próprias conclusões. Esses erros estão sendo corrigidos, proporcionando que em sua quarta geração, a GPT-4, já não tenha certas incongruências narrativas, o que tornará ainda mais humana a forma como a ferramenta se expressa e mais coesa. E mais difícil de discernir a olho nu quando um material foi escrito pela máquina ou por um ser humano.
O ChatGPT pode resolver alguns problemas e acelerar a escrita, mas ele não ensina a pensar ou a como usar as informações. A especialista do SUPERA acredita que na área da educação por exemplo, ele deveria ser incorporado o mais rápido possível, já que é uma oportunidade de criar atividades mais complexas para os alunos.
Ao invés de pedir para uma turma escrever um texto sobre algo, pode-se pedir para que usem a automatização para escrever e depois fazer uma análise crítica, como por exemplo: Qual item importante o ChatGPT não incluiu? A informação que ele trouxe está atualizada? “Ou seja, no fim das contas, o que interessa é como aprendemos a usar nosso córtex pré-frontal e as funções executivas, que continuarão sendo o diferencial humano. Análise, planejamento, motivação, foco e propósito, só nós temos e precisamos constantemente aprender e aperfeiçoar tais habilidades. Em um mundo cada vez mais automatizado, quem pensa é rei!”, avaliou Ciacci.
O ChatGPT vai mudar o cérebro humano?
A resposta é: depende. Segundo a neurocientista, temos que considerar outros fatores que estão atrelados ao uso desta tecnologia, como a maior pressão por produtividade, a banalização da originalidade e o não incentivo a produções autorais e criativas.
Ainda segundo Ciacci, podemos pensar que muitas das inovações que estão surgindo agora não foram analisadas usando os devidos parâmetros científicos, que asseguram a resposta que a ciência vem dando à sociedade nas últimas décadas, e, com a Inteligência Artificial não será diferente.
“O que podemos afirmar é que o cérebro se adapta ao que faz e ao que não faz. Se os algoritmos são utilizados para ganhar tempo em tarefas mecânicas e a pessoa usa esse tempo para se ocupar com atividades mais complexas, teremos o cenário perfeito! Por outro lado, se a preguiça tomar conta, evitando o esforço de pensar cada vez mais, teremos um problema.”, concluiu a pesquisadora.
Sobre o SUPERA
Espalhado por todo país, com 16 unidades só no Rio Grande do Sul, o instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro, tem como missão levar as pessoas a experimentarem a emoção de pensar e agir de forma inovadora, desenvolvendo o potencial do cérebro e impulsionando uma forma incrível de viver. Além de saúde, a organização tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades cognitivas, socioemocionais e éticas, entregando performance e qualidade de vida aos alunos, seja no ambiente profissional, escolar, social ou familiar.
Atuando com pessoas de todas as idades, o SUPERA auxilia na melhora da qualidade de vida e a tornar espaços corporativos mais saudáveis e ágeis. Tudo isso através de exercícios para aprimoramento da memória, agilidade de pensamento e processo criativo, baseados em neurociência aplicada.