A Prefeitura de São Leopoldo realizou na noite de terça-feira (19) a solenidade de entrega do Prêmio Jacobina Mentz Maurer, que reconheceu 31 mulheres por suas contribuições em diferentes áreas da sociedade. Instituído pela Lei 8.770/2018, o prêmio está em sua terceira edição e destaca mulheres que atuam em campos como enfrentamento à violência, combate às desigualdades, sustentabilidade, direitos humanos, políticas sociais, literatura e combate à fome.
As homenageadas, chamadas de “jacobinas”, foram selecionadas por uma comissão formada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos (Sedhu), o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) e as Faculdades Est. As indicações abrangeram 13 categorias, representando diversas frentes de atuação social.
A solenidade
O evento ocorreu no auditório da Secretaria de Educação, no prédio da antiga Prefeitura, e teve apresentações musicais de Marilene Andrade (voz), Gerson Bueno (violão) e da acordeonista Dudy Eduarda, em parceria com a Produtora Mão & Dom.
Durante a abertura, o secretário de Direitos Humanos de São Leopoldo, Anderson Bittencourt, conhecido como Mano Astral, destacou a importância do prêmio como um marco de valorização feminina na cidade. “O Prêmio Jacobina é uma reverência às mulheres empoderadas dentro da sociedade de São Leopoldo, que vivenciam e vencem todas as dificuldades impostas por uma sociedade machista e patriarcal. Com a gestão pública do prefeito Vanazzi, promovemos ações que empoderam mulheres e fortalecem o respeito e os direitos humanos”, afirmou Bittencourt.
A secretária municipal de Políticas para Mulheres, Eliene Amorim, enfatizou o papel histórico de Jacobina Mentz Maurer, que dá nome ao prêmio, e convidou o público para as atividades dos 21 Dias de Ativismo. “É essencial que as mulheres ocupem espaços, defendam seus direitos e lutem pelas garantias que lhes são de direito”, declarou Eliene.
A diretora de Políticas Setoriais da Sedhum e uma das organizadoras do evento, Salete Souza, emocionou-se ao relatar a ligação entre a trajetória de Jacobina Mentz Maurer e a das premiadas. “É um orgulho olhar essa plateia e ver mulheres plurais, de diferentes raças, etnias, classes sociais e idades. Vocês mostraram quão forte é a união das mulheres e são exemplos de força, garra e amor pelo que fazem”, afirmou Salete.
Entre as premiadas, a líder comunitária da Ocupação Steigleder e coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLPM), Gislaine Garcia da Silva, falou sobre o significado de receber o prêmio em um ano marcado pelos desafios climáticos. “Esse prêmio é muito especial, depois de tanta luta que nós passamos, nós mulheres, mães, que lutamos para retornar à vida normal. Cada uma tem sua história, sua conquista. O combate às violências e os nossos direitos como mulheres estão sendo representados aqui hoje. Agora temos políticas públicas e voz, algo que antes nos faltava”, destacou Gislaine.
A inspiração para o prêmio
Jacobina Mentz Maurer foi uma líder religiosa da Revolta dos Muckers, movimento ocorrido entre 1868 e 1874 na então colônia de São Leopoldo, atual Sapiranga. Ao lado do marido, João Jorge Maurer, liderou uma comunidade que oferecia cuidados médicos e organização social, mas enfrentou acusações de bruxaria e repressão violenta. Jacobina foi morta em 1874 por tropas do Império. Seu legado inspira a homenagem às mulheres que se destacam pela atuação transformadora.
Premiações por categoria
Literatura
- Cíntia Regina Maciel: Graduada em Letras, escreve poesias voltadas às mulheres.
- Kátia Simone Müller Dickel: Escritora do livro Ela disse Não.
- Dominga Menezes: Coautora de Invisíveis: O lugar de indígenas e negros na história da imigração alemã.
Enfrentamento à Violência
- Andréia de Oliveira Bastião: Soldado da Brigada Militar, atua na Patrulha Maria da Penha.
- Letícia Dias Fagundes: Jornalista e fundadora do Instituto Mulheres Jornalistas.
- Michele Mendes Arigony: Delegada da Polícia Civil, titular da Delegacia da Mulher em São Leopoldo.
Sustentabilidade
- Cláudia Sá: Idealizadora da Feira Bem Vestida, focada no consumo sustentável.
- Júlia Rolim da Silva: Integrante da ECOLAB, que promove empreendedorismo sustentável.
Comunitário
- Andrea Ramos dos Santos: Fundadora do projeto K’Anjos, cozinha social e iniciativa de contraturno escolar.
- Cláudia Maria Alves dos Santos: Criadora da cozinha social Barriguinha Cheia.
- Gislaine Garcia da Silva: Coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLPM).
Outras categorias premiaram ações em saúde, empreendedorismo, diversidade, educação formal e direitos das pessoas com deficiência, com destaque para figuras como Tatiane Garcia, especialista no atendimento a crianças neurodivergentes, e Patrícia Pires, do coletivo Mães da Diversidade.
Homenagens póstumas
As vítimas da enchente de maio foram lembradas em uma homenagem in memoriam, que incluiu Alberi Neri Machado de Souza, Carlos Alberto Dias, Eneide Vargas, João Carlos Dias, João Nelio Silva Barbosa, Paulo Fernando da Silva, Silvio da Silva e Valdemar Cesar Kuhn, além do desaparecido Carlos Eduardo Lassakoski dos Santos.