O comércio no Rio Grande do Sul alcançou em 2024 o melhor desempenho em cinco anos, com alta de 7,5% no comércio varejista e 7,9% no varejo ampliado entre janeiro e setembro, em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados fazem parte do Panorama do Comércio, divulgado pela Federação Varejista do RS em encontro com a imprensa nesta quinta-feira (5), em Porto Alegre. A entidade projeta ainda que o crescimento se estabilize no último trimestre, com variação de 6% no varejo ampliado, resultando em um acumulado anual de 7,4%. A expectativa da federação é de que 2025 seja mais um ano positivo para o setor no estado.
Segundo o presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner, um dos desafios será manter o crescimento em 2025 diante da alta base comparativa deste ano. “Considerando que precisamos observar os movimentos da conjuntura político-econômica em âmbito global e nacional, os indicadores apontam que teremos um próximo ano de leve crescimento e estabilidade nos números do varejo”, afirmou Pioner.
Reconstrução do estado impulsiona segmentos do comércio
Os dados divulgados mostram que o consumo de produtos básicos liderou o desempenho do varejo em 2024. O setor de hipermercados e supermercados, que cresceu 2,6% em 2023, registrou alta de 12,5% neste ano. O segmento atacadista, voltado a produtos sintéticos, bebidas e fumo, teve recuperação de 8,4%, após queda de -12,5% no ano anterior.
Segmentos relacionados à reconstrução do estado, como equipamentos e materiais de escritório, apresentaram alta de 19%, móveis e eletrodomésticos cresceram 10,4%, e materiais de construção registraram aumento de 8,6%. Outros setores, como tecidos, vestuário e calçados, também avançaram, com alta de 4%. O segmento de artigos farmacêuticos manteve crescimento, com variação de 11,4%.
Por outro lado, setores como combustíveis e lubrificantes registraram retração de 3% entre janeiro e setembro. Livros, jornais e papelarias tiveram queda de 10,3%, enquanto outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 0,2%.
Redução do desemprego e inadimplência
O cenário econômico do Rio Grande do Sul também reflete no comércio. A taxa de desemprego caiu para 5,1% no terceiro trimestre, a menor desde o final de 2022, enquanto a renda média real atingiu os melhores níveis em cinco anos: R$ 3.599 no segundo trimestre e R$ 3.542 no terceiro.
A inadimplência no estado recuou 14,6% em junho de 2024, comparado ao mesmo mês de 2023. Apesar disso, 85% dos consumidores endividados são reincidentes, o que, segundo a federação, reforça a necessidade de investir em educação financeira.
Desafios econômicos
Embora os resultados sejam vistos como positivos, a Federação Varejista do RS alerta para desafios em setores como o de serviços, que apresentou queda de 8% nos três primeiros trimestres, e da indústria, com retração de 0,2% no período. “É um alerta diante de uma situação que pode contribuir para o aumento do trabalho informal”, destacou Pioner.
As projeções nacionais indicam que o PIB brasileiro deve crescer entre 1,95% e 2,5% em 2025, com destaque para a indústria, que pode alcançar variação de 2,4%. A expectativa é de controle da inflação e estabilidade da taxa Selic, favorecendo a economia. Contudo, segundo a entidade varejista, será necessário equilíbrio para evitar impactos negativos no poder de compra da população.