O impacto das startups que desenvolvem soluções em inteligência artificial (IA) e análise de dados já transforma a radiologia no Brasil conforme avaliação da coordenadora e docente da área de Radiologia do Senac Saúde, Janaina Moraes. Segundo a especialista, a principal mudança está na agilidade e assertividade dos diagnósticos, com plataformas que utilizam IA para análise prévia de exames, permitindo que radiologistas revisem e validem os laudos em menos tempo.
De acordo com Janaina, a rapidez nos resultados é um dos fatores mais relevantes, especialmente em casos como o câncer, em que o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento. “No Brasil temos o enorme desafio do diagnóstico precoce. Se os laudos dos exames puderem ser feitos com mais agilidade, em poucas horas (e não com dias ou semanas, que é o que temos, infelizmente), conseguiremos dar fluxo a esses pacientes com imagens sugestivas de câncer. Se associado a isso, essas IAs permitirem boa assertividade, poderemos dar mais celeridade aos pacientes que precisam de biópsia, acelerando o processo de diagnóstico e início de tratamento. As startups que estão no mercado já permitem muito desses aspectos. E temos a expectativa de que isso possa ser usado em larga escala no SUS em breve”, afirmou a especialista.
Benefícios e novos campos de atuação
A docente destacou benefícios como maior precisão nos diagnósticos radiológicos e tratamentos por radioterapia, identificação rápida de doenças graves, redução de custos relacionados a diagnósticos tardios e abertura de novas áreas de atuação para profissionais de radiologia. Janaina reforçou que a tecnologia não substitui o trabalho humano, mas amplia suas possibilidades. “A IA é uma ferramenta incrível que, se bem utilizada, torna o trabalho do profissional da Radiologia ainda mais relevante. Entender sobre o que é, como ela ‘aprende’ e se aprimora são fatores fundamentais para quem vai trabalhar com essa ferramenta”, explicou a especialista.
Desafios da ética e da segurança
Para Janaina Moraes, o avanço das soluções enfrenta barreiras éticas e de segurança de dados. “O uso de IA requer muita parcimônia e ética por parte do profissional de saúde, que tem sob sua guarda dados sensíveis e sigilosos de seus pacientes. E esse tem relação com o segundo desafio, que é o da segurança de dados. As informações podem ser transmitidas por intranet, internet, Whatsapp, e-mail. E se não houver muito investimento em segurança, esses dados podem vazar. Então, ética e segurança têm que andar abraçadas”, ressaltou a especialista.
Formação profissional no novo cenário
A especialista também destacou a necessidade de preparar profissionais para essa realidade. Segundo ela, o Senac investe em tecnologia e capacitação de docentes para estimular os alunos a refletirem sobre a prática profissional no contexto da IA. Um exemplo é o simulador de tomografia e ressonância desenvolvido por estudantes do curso Técnico em Radiologia, que está sendo aprimorado em parceria com o Senac Tech e ganhará um software. “Esse é somente um exemplo de como a tecnologia se insere no currículo para adequar a formação profissional às atuais exigências do mundo do trabalho”, concluiu Janaina.


