A Escola de Aplicação Feevale desenvolveu, no primeiro semestre, o projeto Arrumando as Malas, que possibilitou a estudantes da 1ª etapa do quarto ciclo viajarem sem sair de casa durante a pandemia. Depois de terem conversado com o árbitro de futebol Anderson Daronco e a acadêmica de Jornalismo da Universidade Feevale Mariana Giacomet, o roteiro dos estudantes contou com aterrissagens na África, Europa e Oceania.
Ao estudarem temas como a flora e a fauna e os problemas econômicos e sociais do continente africano, os estudantes desembarcaram em Moçambique, um dos países de língua portuguesa da África. Diretamente da Reserva do Niassa, mantida pela ONG americana Wildlife Conservation Society (WCS), o biólogo moçambicano Ângelo Martins Muganiua Francisco, que atua como coordenador de monitoria e avaliação no local, conversou com eles. Durante o bate-papo, o profissional explicou o trabalho realizado na região de preservação de seu pais, que apresenta uma biodiversidade muito rica, com elefantes, búfalos, leões, antílopes, gazelas e boi-cavalo, entre outros animais. “Infelizmente, a reserva exige um olhar muito especial, pois há muito contrabando de marfim e de chifres de rinocerontes, além de tráfico de animais e caçadores estrangeiros que participam de competições”, contou.
Após a conversa, os estudantes pilotaram até o hemisfério norte, com destino à Alemanha. Na capital Berlin, houve o encontro virtual com o casal brasileiro Eduardo Vieira e Ana Backes, que residem lá há dois anos. O designer, que atua na fábrica da Volkswagen, e a egressa de Jornalismo da Feevale falaram sobre a diferenças entre os países, a facilidade de viajar pela Europa devido à proximidade, o clima, a gastronomia, o processo que passaram para morar em outro continente, o impacto da Covid-19 nas suas rotinas, a utilização da bicicleta como meio de transporte e do que mais sentem falta. “O que notamos é que aqui as pessoas são mais reservadas, elas têm muito respeito à privacidade e são muito focadas no trabalho”, pontuou Ana. “Sentimos falta do contato próximo das pessoas. Por mais que falamos um pouco de alemão, nos comunicamos muito através do inglês, língua que, para quem sonha em morar em outro país, é importante ter domínio”, enfatizou Eduardo.
Da Europa, os estudantes partiram para Sydney, na Austrália, quando conversaram com a egressa da Escola de Aplicação Nina Clara Dresch, que mora na cidade há três anos. A ex-estudante da Feevale também esclareceu dúvidas sobre as diferenças de cultura, as dificuldades que enfrentou e as variações climáticas. Citou os coalas e cangurus como símbolos do país e falou que os camelos são vistos como pragas no território. Além disso, contou sobre as praias e peculiaridades de Bali e disse que as ilhas Maldivas foi o lugar mais incrível que já visitou. “No mergulho que fiz pude conhecer o fundo do mar e os seres vivos marinhos; foi incrível e a água é quente”, disse Nina, que se programou para conhecer a região dos vinhedos e as vinícolas australianas. Para a jovem, o ponto negativo é a saudade da família. “Pretendia passar o Natal e a virada do ano no Brasil, mas devido ao coronavírus, a Austrália fechou suas fronteiras até 2021. Por enquanto, essa viagem está adiada”, enfatizou.
Após a finalização das entrevistas, os estudantes continuaram a sua viagem e desenvolverem o seu próprio roteiro. Eles editaram um vídeo como se fosse uma chamada de um programa, para ser veiculado em um comercial, em que tinham que responder à pergunta: Para onde posso ir sabendo dos meus limites?
Segundo a professora de Ciências Naturais da Escola, Micheline Kruger Neumann, o projeto Arrumando as Malas teve como objetivo mostrar o quão diverso é o planeta. Para ela, as entrevistas encurtaram as distâncias e enriqueceram o aprendizado, pois os estudantes perceberam que os brasileiros são vistos de maneira diferente, conforme o continente, que entender e falar inglês é importante e de que a culturas locais precisam ser respeitadas.
“Conversar sobre aquilo que estávamos estudando e descobrir questões que não são contadas na internet foi algo que ficará na memória dos estudantes para sempre. Deu sentido às aprendizagens, elas se tornaram reais e alçaram voos”, analisa. “Foram viagens maravilhosas sem sair de casa, com gostinho de quero mais, em que no final os estudantes nos brindaram com seus vídeos e com as suas escolhas, nos mostrando para onde iriam sabendo dos seus limites”, complementa.