Inspirado em modelo criado nos Estados Unidos, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) chegou ao Rio Grande do Sul em 1998, quando os primeiros instrutores da Brigada Militar formaram duas turmas em Porto Alegre. Desde então, a iniciativa se expandiu. Presente em Novo Hamburgo há 23 anos, o Proerd contabiliza quase 30 mil alunos formados apenas no município. Nesta quarta-feira (26), o sucesso do programa foi trazido à pauta na Câmara por iniciativa da vereadora Tita (PSDB).
Tem por objetivo capacitar jovens estudantes a terem as habilidades necessárias para escolhas seguras, responsáveis e saudáveis, sem drogas, violência ou bullying. O Proerd é um programa sensacional.
Transformado em política pública estadual pela Lei nº 13.468/2010, o Proerd desenvolve atividades de estímulo à cidadania, prevenção ao uso de drogas lícitas e ilícitas, alerta sobre os malefícios da dependência química e reprovação a atos de violência. “O programa consiste em um esforço cooperativo estabelecido entre a Polícia Militar, a escola e a família. Tem por objetivo capacitar jovens estudantes a terem as habilidades necessárias para escolhas seguras, responsáveis e saudáveis, sem drogas, violência ou bullying. O Proerd é um programa sensacional e um orgulho para Novo Hamburgo”, destacou Tita.
Convidado para usar a tribuna, o capitão da Brigada Militar Everton König comentou que a iniciativa está presente em mais de 40 países e que seus ensinamentos não se encerram nos alunos, mas avançam para dentro de suas estruturas familiares. “O Proerd é a materialização de uma educação com vistas ao futuro dos nossos jovens, conscientes para, além de serem educados, também propagarem seus conhecimentos. A partir dele, conseguimos também livrar nossas crianças e adolescentes da possibilidade de, através do consumo, serem cooptados pelas organizações criminosas envolvidas na atividade covarde do tráfico de drogas”, salientou.
Morando em comunidades carentes, em meio ao tráfico, elas (as crinças) muitas vezes acham que esse é o único caminho.
Responsáveis pela organização do Proerd em Novo Hamburgo, os soldados Jéssica Bervig e Talisson de Araújo trouxeram relatos mais detalhados do contato direto que estabelecem com os estudantes. “Mais do que auxiliar as crianças a compreenderem que as drogas fazem mal, pude perceber em muitas turmas que levamos a esperança de um futuro melhor. Morando em comunidades carentes, em meio ao tráfico, elas muitas vezes acham que esse é o único caminho. Até pela experiência própria de ter morado em um lugar assim, consigo passar que vale a pena seguir o caminho certo e ser um bom cidadão”, contou Jéssica.
Araújo comentou que seu vínculo com o programa teve início em 2012. Já em suas primeiras atividades, no Colégio 25 de Julho, foi abordado por um aluno que queria ajudar um amigo imerso no mundo das drogas. “Cinco anos se passaram, estava em um posto de combustível, ele me chamou e disse que havia ido a Porto Alegre visitar a irmã no presídio. ‘Mas lembro bem o que o senhor falou. Eu prefiro trabalhar duro e deitar a minha cabeça no travesseiro a cometer os erros que ela cometeu. Porque ela não aprendeu o que o senhor me ensinou’”, reproduziu o policial. Em comemoração aos 25 anos do Proerd no Rio Grande do Sul, a Brigada Militar lançou um livro com centenas de histórias semelhantes. “Relatos que quem está lá na ponta sabe”, completou Araújo.
Aos términos das falas, diversos vereadores exaltaram o trabalho realizado pelos profissionais e, a partir de vivências pessoais, destacaram o mérito do programa em provocar a multiplicação dos conteúdos por meio dos alunos. “As crianças não armazenam apenas para elas. Elas repassam para os colegas e para a família, debatendo e sendo uma forma muito eficaz de combate, que é por meio da prevenção. Porque a recuperação é muito mais difícil e danosa à família. Esse é um dos setores da Brigada Militar pelo qual tenho muita admiração e que necessita apoio para continuar efetivando e conquistando resultados”, resumiu Enio Brizola (PT).