Palestra online da Amrigs aborda a obesidade em tempos de coronavírus

Por Gabrielle Pacheco

Na noite desta terça-feira, 4, a Associação Médica do Rio Grande do Sul promoveu a primeira edição de 2020 do seu Ciclo de Palestras. O evento foi realizado de forma online e abordou o tema “Obesidade e Covid-19”. Mais de 100 pessoas assistiram à transmissão que teve como palestrantes os cirurgiões bariátricos Juliano Chibiaque e André Bigolin, a endocrinologista Jamile Sartori El Ammar, e Luiz Fernando Tubino, que falou sobre sua relação com a obesidade e o processo de perda de peso.

Os profissionais destacaram ao longo da palestra que a obesidade é de fato uma doença e que precisa ser tratada.

“É fundamental lembrar que obesidade é uma pandemia crônica, mas apenas nos damos conta disso quando vivemos uma pandemia aguda como a de coronavírus.”

No Brasil, 55,7% das pessoas tem excesso de peso, representando mais da metade da população. O número de obesos no país aumentou 67,8%, sendo o maior índice nos últimos treze anos. De acordo com Dr. Juliano, este é um dos problemas que mais atinge a sociedade.

“Desde que a humanidade começou a se desenvolver neurologicamente e comportamentalmente, está na nossa essência a parte nutricional. E só conseguimos nos desenvolver pois a esta parte está muito enraizada. Nós tínhamos uma cultura alimentar de sobrevivência e quando nos desenvolvemos e a oferta alimentar mudou, acabamos entrando em choque com a origem genética da parte alimentar”, explica o cirurgião.

Segundo os profissionais da saúde, é muito difícil que um paciente com obesidade não desenvolva ou não tenha outras comorbidades como diabetes, hipertensão, apneia de sono, entre outras. Os médicos também chamam a atenção para outras doenças silenciosas como a própria hipertensão, que atinge 25% da população adulta. Pacientes obesos têm maior risco de comprometimento pulmonar, tendo outras doenças como síndrome de hipoventilação, asma, além de redução do volume pulmonar devido ao excesso de peso que comprime os pulmões. Assim, estas pessoas fazem parte do grupo de risco de coronavírus. Estudos sugerem que o vírus poderia ser armazenado no tecido adiposo e liberado aos poucos. Durante a pandemia de Influenza A (H1N1), ocorrida em 2009, a obesidade também foi associada a maiores riscos de hospitalização e óbito. Entre os maiores desafios na internação de pacientes obesos com COVID-19 estão maior dificuldade para intubação e ventilação, dificuldade em leitos bariátricos e limitações no transporte destes enfermos.

Em relação à cirurgia bariátrica, foi reforçado que ela não é o principal método para redução de peso, mas que ajuda a controlar as comorbidades. “Toda vez que adiamos o tratamento de uma doença crônica, nós assumimos riscos”, alerta Dr. André.

Luiz Fernando, empresário, conviveu com a obesidade e decidiu dar mais atenção à sua saúde, realizando uma dieta rigorosa cuidando da alimentação e praticando exercícios.

“A primeira premissa é de que ninguém pode querer emagrecer mais do que nós mesmos. Este desejo vem de dentro.”

Em 2010, pesando cerca de 140kg, Tubino iniciou uma dieta com uma endocrinologista, realizando o processo de reeducação alimentar. “Um dos piores sintomas que tive foi o econômico. Sou dono de uma empresa e comecei a fugir dos clientes pois tinha vergonha da minha obesidade. Eu não queria mais ver as pessoas. Ao não aparecer, acabei perdendo clientes. Eu precisava mudar”, conta.

Segundo o empresário, uma das partes mais difíceis após o emagrecimento é a manutenção, manter o peso. “Coloquei o exercício físico na minha vida e ajustei a minha alimentação para comportar o esporte”. Neste processo, Luiz Fernando perdeu mais de 50kg.

O Ciclo de Palestras Amrigs é uma atividade online gratuita, voltada para a comunidade, que aborda diversos assuntos da área da saúde.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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