Orientações do geriatra Dr. Leandro Minozzo para conviver melhor com os primeiros sintomas de Alzheimer

Por Marina Klein Telles

De acordo com estimativas recentes, um número muito próximo de 2 milhão de pessoas tem algum tipo de demência no Brasil, com 60% dos casos sendo de Alzheimer, segundo o Relatório Nacional de Demência. Cerca de 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. E a previsão é que os números cresçam, chegando a 2,78 milhões de brasileiros com demência no final desta década e a 5,5 milhões até 2050. Com o aumento da longevidade, identificar sinais precoces e promover intervenções que favoreçam a qualidade de vida tornam-se cada vez mais urgentes.

No Rio Grande do Sul, as estatísticas refletem esse desafio de forma clara: cerca de 20,15% da população estadual tem 60 anos ou mais, totalizando aproximadamente 2,19 milhões de pessoas. Destas, estima-se que mais de 190-200 mil famílias já vivam com Alzheimer ou outro tipo de demência. Esses números reforçam a urgência de políticas públicas, diagnóstico precoce e apoio às pessoas afetadas.

O Dr. Leandro Minozzo, geriatra da Afya Educação Médica em Porto Alegre, especialista em saúde do idoso, assinala que perceber os primeiros indícios da doença pode fazer diferença não apenas no diagnóstico, mas na forma como a pessoa vive seus anos seguintes. Segundo ele, alguns sinais sutis, mas persistentes, que merecem atenção.

Os primeiros sinais de alerta do Alzheimer podem se manifestar de diferentes formas no dia a dia. Entre eles, estão esquecimentos frequentes, sobretudo de eventos recentes, nomes ou datas importantes, além da repetição constante de perguntas. Também é comum a dificuldade em executar tarefas familiares, como seguir uma receita, gerenciar contas ou dar continuidade a atividades que antes eram realizadas com facilidade.

A desorientação no tempo ou espaço, como se perder em bairros conhecidos ou esquecer datas, estações e até o dia da semana, também merece atenção. Alterações de linguagem, com dificuldade para encontrar palavras, participar de conversas ou manter a fluência, são outro indício relevante. Somam-se ainda sinais como comprometimento do julgamento e da tomada de decisões, levando a escolhas inadequadas no cotidiano, além da negligência com questões de segurança ou finanças. Mudanças de humor e personalidade, incluindo irritabilidade, desconfiança, apatia ou isolamento social, também podem surgir. “Esses sinais, isoladamente, não confirmam Alzheimer, mas quando persistem e começam a prejudicar a autonomia e a segurança da pessoa, é fundamental buscar avaliação geriátrica ou neurológica”, esclarece o geriatra Dr. Leandro Minozzo.

Como envelhecer bem: estratégias que contribuem

Envelhecer bem envolve mais do que lidar com sintomas: é adotar uma rotina que promova saúde física, mental e social. O especialista da Afya Educação Médica de Porto Alegre compartilhar algumas recomendações:

Estilo de vida ativo

Atividade física regular (caminhadas, exercícios de resistência, alongamentos) ajuda a manter saúde cardiovascular, fluxo sanguíneo cerebral e reduz risco de deterioração cognitiva.

Alimentação saudável

Dietas ricas em frutas, legumes, grãos integrais, peixes, com baixo teor de gorduras saturadas; controle de peso; evitar ou moderar consumo de álcool e tabagismo.

Estímulo mental contínuo

Leitura, aprendizado de novas habilidades, jogos, quebra-cabeças, atividades que desafiem o cérebro ajudam a criar resiliência cognitiva.

Sono de qualidade

Estabelecer rotina do sono, dormir o suficiente, tratar distúrbios como apneia, evitar interrupções frequentes.

Convivência social e apoio emocional

Manter relações familiares, amizades, participação em grupos, evitar isolamento, tratar quadros de depressão ou ansiedade.

Controle de condições médicas

Monitorar e tratar hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, deficiência auditiva, saúde bucal. Essas condições são fatores de risco modificáveis.

Ambiente adaptado e segurança

Ajustar a casa para evitar acidentes (quedas), ter boa iluminação, evitar obstáculos, usar lembretes ou tecnologia de apoio, manter rotina previsível.

“Envelhecer não é sinônimo de doença, mas sim de oportunidades: para aprendizado, para relações afetivas, para qualidade de vida. Quando identificamos os sinais precoces, temos espaço para intervir, para adaptar, para cuidar. Cada pessoa que vive com Alzheimer merece dignidade, apoio e acesso a tratamentos e estilos de vida que prolonguem não só a vida, mas a autonomia e o sentido de bem-estar”, reforçar Minozzo.

Fontes dos dados citados
Os dados que contextualizam o cenário trazido neste matéria são reproduções dos sites da UFRGS e da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul. Há cerca de dois anos, as instituições, somadas a outras referências na área de pesquisa, firmaram um convênio para acompanhar e estudar a doença no Estado.

Sobre o especialista

Dr Leandro Minozzo é Médico Geriatra e Nutrólogo, professor do Curso de Pós-Graduação Médica, na especialidade de Geriatria, da Afya Educação Médica de Porto Alegre, escritor de 10 livros sobre saúde, longevidade e Alzheimer.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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