Liderança feminina no setor calçadista está acima da média nacional

Por Caren Souza

Fortalecer a inclusão feminina em cargos de liderança é um desafio enfrentado pela sociedade. Desafio este relacionado a uma mudança de cultura que é evidenciada ao longo do mês de março, quando comemora-se o Dia Internacional da Mulher. E essas transições que estão sendo construídas nos mais diversos setores há alguns anos já trazem os primeiros resultados: um deles, dentro das fábricas de calçados do Brasil.

Sabemos que o caminho para essa presença está sendo pavimentado com uma mudança gradual de cultura.

Com mais de 33% dos cargos de liderança ocupados por mulheres, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) a partir da RAIS/MTE, o setor calçadista brasileiro se destaca nacionalmente quanto à participação feminina nas empresas. Afinal, essa presença está acima da média nacional, que é de 25%, segundo a consultoria internacional Grant Thornton.

Ao celebrar essa participação acima da média nas fábricas de sapatos, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, lembra que existe muito a ser feito no sentido de fortalecer a inclusão feminina, especialmente em cargos de liderança. “Também sabemos que o caminho para essa presença está sendo pavimentado com uma mudança gradual de cultura.”

A seguir, confira como algumas destas lideranças femininas estão ajudando a fortalecer esses passos já dados no setor calçadista para a sequência desta “nova cultura”. Elas estão à frente e fazem parte da diretoria de indústrias de calçados localizadas nas diferentes regiões do País.

Depoimentos de algumas das lideranças femininas do setor

Irá Salles, estilista na Irá Salles

“O Brasil é uma referência na indústria calçadista e me sinto feliz em fazer parte desse setor, no qual sinto que posso ter liberdade de criação.”

Cristine Camila Grings Nogueira, presidente da Piccadilly Company

“É liderar com amor, inspirando, cuidando e extraindo o melhor as pessoas. É acreditar que a combinação dos gêneros e as suas diferenças de visões e atitudes leva a um resultado muito superior.”

Natália Miti, designer na Miti Shoes

“É poder investir no desenvolvimento de outras mulheres. Ainda vivemos um cenário onde a falta de assistência básica à primeira infância (creches e jardins de infância) muitas vezes retira a mulher do mercado de trabalho. Poder assegurar emprego e renda a estas mulheres é humano e tem reflexos na próxima geração.”

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi

“Aqui na cultura da Bibi, sempre aprendemos que “o seu melhor exemplo é a melhor forma de irradiação”. Não importa o título ou o gênero, diante dos diferentes papéis que tenho, busco desenvolver ações com muita responsabilidade e ética, sejam elas pequenas ou grandes, pois de alguma maneira isso pode influenciar ou impactar diferentes públicos ou stakeholders que nos relacionamos. Desde quando assumi a presidência, continuo engajando a equipe por meio da cultura, seguindo os mesmos valores que permeiam nossa história por mais de 70 anos.”

Ana Fassoni, diretora proprietária da Ana Fassoni

“Felizmente, cada vez mais lideranças femininas despontam e possibilitam uma maior igualdade de gênero em diferentes segmentos. Apesar das dificuldades, as mulheres são capazes de obter resultados brilhantes à frente das empresas no setor calçadista brasileiro.”

Priscila Callegari, designer/ CEO da Ciao Mao

“Sendo mulher, me sinto na obrigação de criar e desenvolver calçados que nos valorizem como mulheres e nos respeitem como indivíduos. Que proporcionem um caminhar firme e confortável em busca de um mundo mais sustentável e igualitário.”

Natália Bischoff, diretora de Branding, Negócios e Operações do Bischoff Group

“É um privilégio, mas, ao mesmo, uma grande responsabilidade! As mulheres já conquistaram muito, mas ainda precisam provar, dia a dia, o quanto são fundamentais para inovar e fortalecer o setor calçadista. Com a nossa sensibilidade, empatia, nosso olhar diferenciado sobre o mundo e, principalmente, com a nossa intensidade para a renovação constante, podemos elevar o sapato do Brasil a novos estágios, de ainda maior relevância para os negócios do País e para a vida das pessoas. E tenho certeza de que faço parte do time feminino que vai fazer isso acontecer!”

Sara Nelice Raymundo Lanzini, co-fundadora, diretora de Estilo e P&D da Vinci Shoes

“Acredito que ser uma liderança no mercado calçadista é um enorme privilégio, pois com meu trabalho posso encantar pessoas, trazer beleza e conforto pro dia a dia de milhares de mulheres e ainda fazer o que amo: flats!
Acredito muito na cooperação e na importância de me cercar de pessoas que dividam o meu sonho e que queiram escrever a história da Vinci ao meu lado. Eu tenho muito orgulho de trabalhar no setor calçadista, seguindo os passos da minha família, mas construindo novas histórias e abrindo novos caminhos.”

Giuliane Roberta Enzweiler, executiva de marketing do Grupo Minuano

“Sempre me inspirei em mulheres fortes que fazem a diferença em suas áreas de atuação. Ser uma dessas lideranças hoje me motiva a continuar incentivando outras mulheres. Fico feliz de poder representar muitas delas no papel que tenho hoje. Que possamos seguir apoiando umas as outras a conquistar cada vez mais.”

Rodaika Diel, diretora da Neorubber

“É desafiador, não há como negar, mas não há motivos para nos sentirmos inferiorizadas. Pelo contrário, vejo no meu papel a responsabilidade de buscar a coragem e o destaque para encorajar outras mulheres a conquistarem seus espaços na sociedade e no nosso mercado calçadista. Se conseguir fazer isso, terei atingido meu propósito e terei ajudado a tornar o nosso setor ainda melhor.”

Luiza Márcia Aleixo Barcelos, diretora Criativa na Luiza Barcelos

“Na Luiza Barcelos, carrego junto aos meus irmãos o legado de Dona Dorinha – uma mulher que teve a coragem de empreender aos 50! A maior das lições que ela deixou foi a de cuidar da empresa como se cuida da família. Levamos no nosso dia a dia, a força, o poder e a sensibilidade feminina. A habilidade de lidar com várias coisas ao mesmo tempo e mesmo assim entregar um resultado impecável.”

Maristela Becker Hübner, CEO da Guilhermina Shoes

“Ser uma liderança feminina para mim é uma questão natural, mas que envolve muitos desafios diários. O conhecimento somado a experiência e a sensibilidade feminina são a base de tudo.”

Juliana Duarte, co-fundadora da Pesh e da Zoez

“Ser uma liderança feminina é um grande desafio, o caminho da mulher é sempre mais complexo. Enfrentamos preconceito, temos que lutar para sermos ouvidas, promovidas e acabamos carregando maiores responsabilidades em casa. O setor calçadista ainda é amplamente liderado por homens, as mulheres têm pouco espaço e acabam não conseguindo alcançar altos cargos. Ainda existe um longo caminho para mudarmos essa realidade, mas acredito que com novas gerações assumindo papéis de liderança a mentalidade também mude.”

Marina Lerbach, proprietária da NUU Shoes

“Felizmente o setor calçadista é mais receptivo às mulheres que outras profissões, o que não significa que não enfrentamos as mesmas dificuldades. Isso tem mudado com as novas gerações, porém, ainda é mais comum vermos homens exercendo trabalhos de direção e gestão, enquanto as mulheres ficam responsáveis por trabalhos rotulados como femininos – como a criação, por exemplo. Para mim, como mulher, ocupar cargos e realizar funções cuja presença maior é masculina é muito gratificante! Ao me tornar referência no mercado calçadista, espero servir de exemplo para que outras mulheres também possam alcançar esses cargos.”

Sarah Chofakian, diretora Criativa da Sarah Chofakian

“Cada vez mais percebemos o impacto das lideranças femininas nos mais diversos ambientes de trabalho. Sinto que comandar uma empresa com poesia inspira a mim e meus colaboradores. Na Sarah Chofakian, sonhamos o mesmo sonho.”

Débora Cholet Zorn, diretora da Ramony Calçados

“”Formada em moda e apaixonada pelo universo calçadista, em 2018 com apenas 25 anos me tornei a sucessão dos meus pais na empresa. Diariamente enfrento muitos desafios, as responsabilidades e tomada de decisões são constantes, porém de contrapartida por ser jovem e mulher, adquirir a confiança e o respeito da minha equipe além de gratificante me encoraja a continuar e enfrentar novos desafios.”

Fabiana Luiza Petri da Silva, sócia diretora da Calçados Satryani

“É ter a oportunidade de agregar valores através de todas decisões tomadas, pensando na valorização humana, na família e na sociedade. Cuidar de uma empresa calçadista é como cuidar de uma grande família! Temos que pensar no bem estar de todos os colaboradores e atender da melhor forma nosso cliente”.

Eduarda Moreira de Freitas, diretora na Byara Calçados

“É uma alegria para mim poder estar a frente do negócio da família e ver tudo o que conquistamos até aqui. Liderar é uma tarefa muito desafiadora, mas também muito gratificante. Tenho muito orgulho do meu trabalho, de tudo que construímos em 20 anos, e do que ainda vamos construir.”

Ana Cláudia McInerney, diretora Criativa da Tip Toey Joey

“É ser e atuar fundamentalmente como mulher a fim de equilibrar as energias masculina e feminina do ambiente empresarial – ainda muito patriarcal, buscando um modelo de gestão alinhado às tendências da sociedade atual a partir de um olhar intuitivo, sensível e empático para gerar uma cultura de força criativa e criadora, que está associada ao universo feminino.”

Rosana Maria de Oliveira Ribeiro, diretora administrativa da Via Malibu

“Acredito que a liderança feminina seja no setor calçadista ou nos mais diversos setores, a consolidação dos resultados concretos das lutas travadas por movimentos feministas que nos antecederam. Eu particularmente busco diariamente conhecimento tanto no nosso setor como em outros que também nos capacitam a sermos melhores. Acredito que posso, isso não tenho dúvidas. Além disso, acredito que fazendo com amor antes de tudo, o negócio automaticamente prospera.”

Maria Fernanda Sodré, proprietária da A Mafalda

“Espero poder ser uma referência feminina para outras mulheres que buscam encontrar o seu sonho de empreender no Brasil! Fazer sapatos é bastante desafiador dentro de um universo muito masculino, mas muito gratificante!”

Fernanda Megalli de Souza Lacerda, gerente administrativa da Zagga

“Eu amo trabalhar com calçados e poder proporcionar junto com todos da equipe Zagga, mais que calçados para nossos clientes, mas sim um meio de transporte que pode levar as pessoas para onde quiserem. Sabemos de todas as dificuldades que cada profissão tem, mas com clareza nos nossos objetivos sabemos que estamos no caminho certo, e que nos mulheres somos mais fortes do que imaginamos. Parabéns para todas as mulheres!”

Fonte: Assessoria
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