A Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo recebeu nesta quarta-feira (25) o comandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), capitão Gilson Borges Nunes, e a major Carine Reolon, para a apresentação de indicadores de segurança pública registrados no município. O convite foi feito pela vereadora Deza Guerreiro (PP), com o objetivo de promover o diálogo entre o legislativo e as forças de segurança.
Durante a sessão, o capitão Gilson apresentou dados extraídos do Sistema Avante, da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs), referentes ao período de janeiro a junho entre os anos de 2018 e 2025. Segundo os gráficos, houve redução nos índices de homicídio doloso, roubos e furtos de veículos, além de crimes contra pedestres, residências e estabelecimentos comerciais.
Queda nos índices de criminalidade
O número de homicídios dolosos caiu de 19 em 2018 para 9 em 2025. O índice inclui feminicídios, brigas de vizinhos e outros crimes com intencionalidade. Os roubos a pedestres tiveram redução de 87%, sendo o celular o item mais subtraído. Já os furtos de veículos caíram 56% no período analisado. Os furtos com arrombamento, que haviam aumentado em 2022, registraram queda de 45% em 2025 em relação a 2018. Os roubos a residências diminuíram 76% e os roubos a estabelecimentos comerciais, financeiros e de ensino apresentaram queda de 91%.
Segundo o capitão Gilson, Novo Hamburgo é dividido em três grandes áreas operacionais da Brigada Militar, o que permite uma atuação mais eficiente e coordenada com a Polícia Civil e a Guarda Municipal. “Estamos em constante troca de dados e informações que auxiliam na prevenção e resolução de crimes. É preciso apontar o quanto é fundamental que os cidadãos façam o registro de ocorrências das situações de criminalidade. Sem isso, não temos como saber o que está acontecendo. Precisamos dos dados para definir estratégias e resolver os casos”, afirmou o policial.
Repercussão entre os vereadores
Durante a sessão, os vereadores comentaram os dados apresentados. O vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB) destacou a confiança na atuação da Brigada Militar e da Polícia Civil. Giovani Caju (PP) observou que a impressão de aumento da violência está relacionada à rapidez com que as informações circulam. O vereador relatou que seu estabelecimento comercial foi arrombado 17 vezes.
Juliano Souto (PP) defendeu melhores salários e equipamentos para os policiais. “Vocês são guerreiros. Muitos saem de casa para cumprir com o dever e acabam não voltando”, afirmou o parlamentar. A vereadora Professora Luciana Martins (PT) elogiou o trabalho da Patrulha Maria da Penha e da Rede Integrada Laço Lilás, além de destacar que os números positivos contrastam com a sensação de insegurança da população. A parlamentar também alertou que os salários dos policiais militares do estado ocupam a 18ª posição no ranking nacional.
O capitão Gilson respondeu que o policiamento ostensivo busca oferecer segurança à população, mas que as redes sociais dificultam essa percepção. A major Carine comentou sobre o reforço de 45 soldados estagiários e os bons resultados obtidos com o policiamento a pé em dezembro. “É uma modalidade que funciona muito bem”, comentou a policial.
O vereador Ito Luciano (Podemos) questionou sobre a eficácia das leis na manutenção de criminosos presos. A major respondeu que a questão é sistêmica, envolvendo interpretação e implementação, e não apenas legislação.
Uso de dados e reconhecimento nacional
A major Carine Reolon apresentou a estrutura de atuação da Brigada Militar em Novo Hamburgo e o uso de dados estatísticos por meio do programa Avante, que apoia a Gestão de Segurança Estratégica Governamental (GSEG). Segundo ela, reuniões semanais são realizadas com diversas instituições para acompanhar ações e definir estratégias. “Temos o compromisso de prestar contas à sociedade”, afirmou Carine.
A policial também relatou que os resultados positivos em relação à redução de roubos a pedestres foram apresentados no Palácio Piratini. A oficial apontou a evolução tecnológica como um fator importante, mencionando que, em 2018, ainda não se tinha o nível atual de acesso a redes sociais e aplicativos como o WhatsApp.
Sobre o aumento pontual no roubo de veículos em maio de 2025, Carine explicou que foi identificada uma quadrilha responsável pelos crimes e que, após a ação policial, o número de ocorrências caiu de 15 para apenas uma.
Segurança dos profissionais e apoio legislativo
A vereadora Daia Hanich (MDB), que é policial civil, relatou a insegurança enfrentada por profissionais da área. “Mesmo pertencendo a corporações diferentes, dividimos o mesmo medo: não saber se voltaremos para casa”, comentou a parlamentar, que também relatou episódios em que prendeu criminosos que foram soltos em menos de 24 horas.
O vereador Ricardo Ritter – Ica (MDB) criticou o sistema jurídico por permitir solturas rápidas, mesmo em casos como latrocínio. “Isso não significa falha da Brigada ou da Polícia Civil, mas sim a aplicação do modelo legal vigente”, ponderou Ica.
Também foi destacado o uso de sistema de identificação de veículos por características visuais, alimentado por câmeras adquiridas por cidadãos e comerciantes. A ferramenta, diferente das câmeras comuns de segurança, fortalece o trabalho de inteligência da Brigada Militar. O Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) foi citado como parceiro nas ações de segurança pública.
Os vereadores afirmaram compromisso em manter o diálogo com os órgãos de segurança e colaborar com políticas públicas voltadas à redução da criminalidade no município.


