O Hospital Moinhos de Vento realizou sua primeira cirurgia cardíaca fetal no dia 29 de outubro, em Porto Alegre, para corrigir uma malformação congênita em um feto de 29 semanas diagnosticado com atresia de valva pulmonar. O procedimento inédito na instituição foi realizado por uma equipe multidisciplinar para evitar o comprometimento do desenvolvimento do lado direito do coração do feto.
A cirurgia foi conduzida por obstetras, cardiologistas intervencionistas e anestesista, incluindo os especialistas Eduardo Becker, coordenador do Serviço de Cirurgia Fetal, e João Mânica, coordenador de Cardiopatias Congênitas da Hemodinâmica. Também participaram Fábio Peralta, renomado cirurgião fetal, e Carlos Pedra, cardiologista, que vieram de São Paulo para a intervenção, além dos médicos Edson Cunha, Marcela Godoy, Marcos Tannhauser e Lívia Pauletto.
Diagnóstico e técnica cirúrgica
O coordenador do Serviço de Cirurgia Fetal, Eduardo Becker, explicou que o diagnóstico surgiu quando a gestante realizou o exame morfológico e foi identificada uma válvula pulmonar sem abertura. “Por via percutânea, no útero materno, foi possível introduzir uma agulha através da válvula fechada, permitindo a passagem de um catéter, o restabelecimento do fluxo na artéria pulmonar, o que levará ao desenvolvimento mais adequado do coração”, detalhou Becker. Caso não houvesse intervenção, a alteração poderia evoluir de forma grave, exigindo cirurgias complexas após o nascimento.
Evolução da paciente
Após a cirurgia e período de recuperação, a paciente apresentou boa evolução, com o ultrassom do coração do feto demonstrando que a válvula está aberta com fluxo contínuo. A gestante Jéssica Peruzzo relatou que “a equipe médica me acolheu com tanto cuidado que o medo inicial deu lugar à confiança. A operação foi um sucesso e trouxe à minha filha uma nova chance de vida, com melhores perspectivas e menor risco no futuro”.
Sou imensamente grata a todos os profissionais que tornaram isso possível e quero que outras mães saibam da importância dos exames cardíacos na gestação, pois o diagnóstico precoce pode sim salvar vidas — assim como salvou a da minha filha”, relatou Jéssica.


