FP em defesa do setor calçadista se reúne em Brasília

Por Gabrielle Pacheco

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) participou, na última terça-feira (10), da primeira reunião da Frente Parlamentar Mista de Defesa do Setor Coureiro-calçadista. O encontro ocorreu no Ministério da Economia, em Brasília, e contou com a presença do presidente da Frente, o deputado federal Lucas Redecker (PSDB/RS), do secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, e representantes da indústria.

Na ocasião, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, entregou um documento em que relata o potencial prejuízo da indústria calçadista diante de uma possível abertura comercial, em virtude da redução da tarifa de importação para países de fora do Mercosul (TEC). “A Abicalçados não é contrária, de forma alguma, ao livre comércio. A questão é que, sem a redução do nosso custo de produção, estaríamos vulneráveis à concorrência de países asiáticos que têm um custo muito reduzido. Seria um desastre para a indústria nacional em geral, no especial a de calçados, que tem sofrido com a concorrência de países asiáticos mesmo com a imposição de tarifas de defesa comercial”, alerta.

“…sem a redução do nosso custo de produção, estaríamos vulneráveis à concorrência de países asiáticos que têm um custo muito reduzido.”

Segundo o dirigente, uma abertura comercial sem redução dos custos elevados de produção eliminaria, rapidamente, milhares de empregos no setor calçadista. “Hoje sofremos com uma carga tributária que está entre as mais elevadas do mundo, além de problemas como custos trabalhistas, burocracias, logística cara e ineficiente, entre tantos outros”, diz. O executivo avalia que o governo, especialmente na pessoa do secretário Especial de Comércio Exterior e de Assuntos Internacionais Marcos Troyjo, tem se mostrado sensível à questão, especialmente ao alerta de que a redução do Custo Brasil não é algo solucionado da noite para o dia e que portanto é preciso cautela no processo de abertura comercial.

Ferreira lembra o estudo encomendado pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, vinculada ao Ministério da Economia, recentemente divulgada. A pesquisa apontou para um Custo Brasil de mais de R$ 1,5 trilhão, o que equivale a 22% do PIB nacional. “O próprio governo reconhece o problema e de fato está trabalhando para a redução dos custos produtivos, mas é um processo que leva tempo. Precisamos estar em sintonia para preservar empregos sem prejudicar o crescimento econômico brasileiro”, acrescenta, ressaltando o papel da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Setor Coureiro-calçadista, especialmente do deputado federal Lucas Redecker e do senador Luis Carlos Heinze.

“Precisamos estar em sintonia para preservar empregos sem prejudicar o crescimento econômico brasileiro.”

De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Setor Coureiro-Calçadista, deputado federal Lucas Redecker, o setor é a quinta indústria que mais gera emprego no Brasil, com quase 300 mil empregos atualmente. Ele também lembrou que o custo de produção no Brasil é um dos mais elevados do mundo, cerca de US$ 4/hora, o dobro da China e o quádruplo da Índia, o que prejudica a competitividade do Brasil. Ele também manifestou preocupação com a redução da TEC. “O fato é que mesmo ainda mantendo números robustos, o setor perderá competitividade tanto no mercado interno como externo por causa de problemas gerados pelo Custo Brasil. O setor precisa de condições para competir e para que possa gerar o desenvolvimento e os empregos que tanto queremos”, argumentou o parlamentar.

Atualmente, o parque industrial calçadista possui mais de 6 mil empresas, que produzem cerca de 950 milhões de pares por ano, gerando divisas de mais de R$ 20 bilhões. Os empregos diretos ultrapassam 280 mil postos. O setor também tem papel importante nas exportações de calçados, embora a maior parte da produção fique no mercado doméstico. “Hoje exportamos 12% da nossa produção (em torno de 110 milhões de pares), número que seria muito mais elevado se não estivéssemos exportando o Custo Brasil”, completa Ferreira.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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