Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, em março, foram embarcados 13,17 milhões de pares ao exterior, que geraram US$ 111,6 milhões, resultados superiores tanto em volume (+57,5%) quanto em receita (+7%) em relação ao mês correspondente do ano passado. Com isso, no trimestre, as exportações de calçados já somaram 40,74 milhões de pares, gerando US$ 320,65 milhões, incrementos de 27,3% e de 65,8%, respectivamente, ante o mesmo período de 2021.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que existe um aquecimento da demanda internacional, especialmente nos Estados Unidos, principal destino do calçado brasileiro no exterior. “Estamos registrando uma procura expressiva de grandes players norte-americanos, que estão buscando substituir as importações chinesas em função dos altos custos com frete e também para fugir da sobretaxa (de 7,5%) aplicada a calçados do país asiático”, avalia o executivo.
Existe uma questão internacional, de incremento nos valores para transporte, o que vem inibindo as importações da Ásia. Neste cenário, a indústria calçadista brasileira aparece como a principal alternativa, por ser a maior fora da Ásia e, sobretudo, por ter capacidade de atendimento da demanda internacional com qualidade, design e sustentabilidade”.
Além do incremento dos embarques para os Estados Unidos, os calçadistas registram bons resultados nas exportações para os vizinhos da América Latina, que também vem reportando preocupações com o aumento dos custos com os fretes provenientes da Ásia. “Existe uma questão internacional, de incremento nos valores para transporte, o que vem inibindo as importações da Ásia. Neste cenário, a indústria calçadista brasileira aparece como a principal alternativa, por ser a maior fora da Ásia e, sobretudo, por ter capacidade de atendimento da demanda internacional com qualidade, design e sustentabilidade”, acrescenta Ferreira.
Estados Unidos
Os Estados Unidos seguem como o principal destino do calçado brasileiro no exterior. Entre janeiro e março, foram exportados para lá 6 milhões de pares, que geraram US$ 88,7 milhões, incrementos tanto em volume (+83,3%) quanto em receita (+120%) em relação ao mesmo período do ano passado.
O segundo principal destino do calçado brasileiro no trimestre foi a Argentina. No período, os hermanos importaram 3,2 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 36,2 milhões, números superiores tanto em volume (+43,4%) quanto em receita (+77,6%) ante o mesmo ínterim de 2021.
Com incrementos de 39% em volume e de 41,4% em receita ante 2021, a França aparece como o terceiro destino do calçado verde-amarelo no trimestre. No período, foram embarcados para o país europeu 3 milhões de pares, que geraram US$ 20,5 milhões.
O quarto destino do trimestre foi o Chile. No trimestre, foram exportados para lá 733 mil pares, pelos quais foram pagos US$ 12,2 milhões, altas de 80% e 116%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.
RS: o maior exportador
O principal exportador brasileiro de calçados segue sendo o Rio Grande do Sul. No trimestre, as fábricas gaúchas embarcaram 10,8 milhões de pares, pelos quais receberam US$ 145,77 milhões, resultados superiores tanto em volume (+50,3%) quanto em receita (+78,2%) em relação ao mesmo período de 2021.
O segundo estado exportador do trimestre foi o Ceará, de onde partiram 14 milhões de pares por US$ 78,8 milhões, números superiores em volume (+20%) e em receita (+41,6%) no comparativo com o primeiro trimestre do ano passado.
Com resultados superiores tanto em volume (+14%) quanto em receita (+47%) em relação ao primeiro trimestre de 2021, São Paulo foi o terceiro maior exportador de 2022. No período, as fábricas paulistas embarcaram 2,22 milhões de pares, que geraram US$ 29,62 milhões.
A Paraíba fechou o ranking dos quatro primeiros exportadores do trimestre. Nos três meses, as fábricas paraibanas enviaram ao exterior 6,67 milhões de pares, pelos quais receberam US$ 21,24 milhões, 0,7% menos em pares e 45,3% mais em receita gerada na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
Com o dobro de calçados da China, importações crescem 35% em março
Em março, entraram no Brasil 3,76 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 35,46 milhões, altas de 35% em volume e de 7% em receita na relação com o mês correspondente do ano passado. Destaque para as importações de calçados da China, que em março tiveram um incremento de 103% em pares e de 93,5% em receita na relação com março passado (2,4 milhões de pares e US$ 7 milhões). “A China retomou o primeiro posto entre as origens do calçado importado e o que mais preocupa, com preço médio baixíssimo, de menos de US$ 3 por par, o que indica a prática de dumping – quando o valor praticado nas exportações é diferente do praticado no mercado interno, prática considerada ilegal pela Organização Mundial do Comércio (OMC)”, alerta Ferreira. Com o resultado, no trimestre, as importações chinesas somaram 5 milhões de pares e US$ 38,7 milhões, números superiores tanto em volume (+48,2%) quanto em receita (+53%) ante o mesmo período de 2021.
A segunda origem do calçado importado no período foi o Vietnã, que em março embarcou para o Brasil 800 mil pares, pelos quais receberam US$ 16,17 milhões, quedas de 23% e 16,3%, respectivamente, ante o mesmo mês do ano passado. Com o resultado, no trimestre as importações de calçados vietnamitas somaram 1,97 milhão de pares e US$ 38,7 milhões (quedas de 11,5% em volume e de 9,3% em receita na relação com 2021).
A terceira origem do calçado importado pelo Brasil foi a Indonésia. Em março, foram importados de lá 271,75 mil pares, pelos quais foram pagos US$ 6 milhões, queda de 15,4% em volume e alta de 13,8% em receita na relação com o mês três do ano passado. Com isso, as importações indonésias somaram 746,74 mil pares e US$ 15,54 milhões, altas de 16,6% e 47% no comparativo entre os trimestres de 2021 e 2022.
Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, pamilhas etc – as importações do trimestre somaram US$ 5,9 milhões, 0,3% mais do que no mesmo intervalo do ano passado. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.
Confira as tabelas completas aqui.