Evento comemora três décadas de reforma psiquiátrica no Estado

Por Ester Ellwanger

Um depoimento emocionado marcou a cerimônia de abertura do evento realizado nesta terça-feira, 31, no auditório central da Unisc, em comemoração aos 30 anos da reforma psiquiátrica no Estado e 25 anos em Santa Cruz do Sul. Integrando a mesa de honra, junto com a secretária municipal de Saúde, Daniela Dumke, a titular da 13ª CRS, Mariluci Reis, a promotora de Justiça Catiuce Barin, o vereador Carlão Smidt, e a representante do Conselho Municipal de Saúde, Salete Faber, a presidente da Associação de Usuários, Familiares e Amigos dos Caps, Janete Jaeger, lembrou com profunda gratidão da acolhida recebida há cerca de 20 anos quando chegou no Caps II pela primeira vez em busca de ajuda para tratar depressão.

“Por dois anos e meio me senti como uma morta viva. O sorriso do recepcionista naquele momento foi um bálsamo para a minha dor”, disse Janete ao rememorar seu ingresso no serviço especializado de atendimento a pessoas em sofrimento psíquico. Em sua manifestação, ela enalteceu o acolhimento, o respeito e o tratamento dado a ela e a outros pacientes pelos profissionais da rede e falou do quanto as oficinas terapêuticas, especialmente a de teatro, ajudaram em seu tratamento.

“A depressão te mata aos poucos, não é fácil ser doente mental, mas tratamento em liberdade não tem preço. No Caps aprendi a ser protagonista da minha própria vida e sei que posso fazer muitas coisas”, contou.

A empatia dos profissionais que atuam na área da saúde mental permeou o pronunciamento das autoridades para uma plateia composta usuários do SUS, prestadores de serviços, trabalhadores da saúde, alunos e professores da universidade. Para promotora Catiuce Barin, a reforma psiquiátrica significa uma evolução na garantia dos direitos das pessoas com doenças mentais.

“Não acredito em retrocesso, só em evolução. A reforma psiquiátrica veio para garantir dignidade e um olhar que não mais exclua, que não mais segregue”, disse. Segundo ela, os profissionais que trabalham na área precisam de uma dose extra de empatia e sentimento de humanidade.

Em sua manifestação, a titular da 13ª CRS, Mariluci Reis, pediu aplausos aos profissionais e a  secretária municipal de Saúde, Daniela Dumke, falou que a data é de comemoração. “A gente quando vê de fora não entende toda a amplitude que tem a saúde mental. Hoje vejo tudo com um olhar diferente, é um cuidado que começa já na rede de atenção básica. Em algum momento da vida, todos nós poderemos precisar de algum tipo de cuidado”, afirmou. Para ela, o dia é de comemorar grandes avanços.

 “Ninguém precisa receber tratamento trancafiado, amarrado, e sim com toda a liberdade e dignidade, como todo ser humano merece”.

Na sequência a psicóloga Terezinha Klafke, docente do Departamento de Ciências da Saúde da Unisc e subcoordenadora do Curso de Psicologia da universidade, e a  psicóloga do Caps II Melissa Dorneles, especialista em Psicoterapias Dinâmicas pela UFCSPA e integrante do Fórum Regional de Saúde Mental do Vale do Rio Pardo, explanaram no painel Reforma Psiquiátrica no Rio Grande do Sul. Ambas são militantes da luta antimanicomial. A programação segue no turno da tarde.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria

 

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