Estudo do Hospital Moinhos de Vento avalia prevalência de tuberculose infantil

Por Jonathan da Silva

Um estudo conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), já coletou 81% das amostras previstas para avaliar a prevalência da tuberculose pediátrica no Brasil. A pesquisa, iniciada em 2021, busca aprimorar o diagnóstico da doença, que é subnotificada em crianças devido à dificuldade de confirmação bacteriológica e à semelhança dos sintomas com outras infecções respiratórias.

A pesquisa ocorre em 22 centros distribuídos nas regiões sul, sudeste, norte e nordeste do país. A coleta de dados de crianças e adolescentes hospitalizados com problemas respiratórios já foi concluída, e o recrutamento de pacientes ambulatoriais com suspeita de tuberculose segue em andamento. Entre as cidades gaúchas participantes estão Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, Viamão, Cachoeirinha e Passo Fundo.

Para melhorar a precisão do diagnóstico, o estudo emprega a técnica de escarro induzido, método aprendido na África do Sul, que melhora a qualidade das amostras coletadas, reduz custos e aumenta a segurança do procedimento. “O escarro induzido pega secreções das vias respiratórias inferiores, permitindo uma melhor detecção da tuberculose pulmonar, especialmente em crianças e pessoas com dificuldades em produzir escarro espontaneamente. Com essas amostras conseguimos ver se a pessoa tem a bactéria, mesmo em menor volume de material coletado”, explica o infectologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Scotta, que participou do treinamento na África do Sul.

Até o dia 18 de março deste ano, foram realizadas 2.545 coletas de escarro induzido. A pesquisa está no segundo triênio (2024-2026) e a previsão é de que os estudos sejam finalizados no ano seguinte.

Comparação de exames

Além da prevalência da tuberculose pediátrica, o estudo investiga, por meio do projeto GTX, diferentes estratégias de rastreamento para a tuberculose infecção. Esse levantamento ocorre em seis centros nos estados do Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com 47% dos dados coletados até o momento.

O estudo compara três combinações de exames para identificar a necessidade de tratamento para tuberculose infecção ou tuberculose ativa:

  • Estratégia padrão recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, incluindo rastreamento de sintomas, prova tuberculínica e radiografia de tórax;
  • Estratégia com rastreamento de sintomas, prova tuberculínica e teste rápido molecular;
  • Estratégia com rastreamento de sintomas e radiografia de tórax.

Caso o tratamento para tuberculose infecção seja indicado e o participante concorde, ele será acompanhado pela equipe do estudo para monitoramento da adesão e possíveis efeitos adversos. “Com essas comparações, poderemos avaliar se as investigações mais simplificadas resultam em um aumento na taxa de indivíduos que iniciam o tratamento da tuberculose infecção”, afirma a líder operacional do TBPed, Márcia Polese.

O Proadi-SUS

Criado em 2009, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) tem o objetivo de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. O programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do Proadi-SUS advêm da imunidade fiscal dos hospitais participantes.

Foto: Leonardo Lenskij/Divulgação | Fonte: Assessoria
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