Em debate promovido pela Sergs, Presidente da Trensurb defende integração do transporte metropolitano

Por Gabrielle Pacheco

No final da manhã desta quinta-feira, 25, o diretor-presidente da Trensurb, Pedro Bisch Neto, participou de um debate promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, realizado por meio de videoconferência. O evento teve como tema os desafios para a viabilidade e aprimoramento do sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Porto Alegre. Também participaram do encontro: Antônio Augusto Lovatto, engenheiro de transportes da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre; João Carlos Nedel, vereador de Porto Alegre; João Fortini Albano, engenheiro civil e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutor em sistemas de transportes; Rodrigo Mata Tortoriello, secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre; como mediador, Luís Roberto Ponte, presidente da Sociedade de Engenharia.

Pedro Bisch Neto começou sua fala destacando dois fatores que considera importantes para se tratar de transporte hoje em dia: o primeiro é a concentração da população em grandes centros e a existência de 64 regiões metropolitanas no Brasil; o segundo, a evolução da comunicação, com o surgimento dos telefones celulares e sua modernização e novas possibilidades. Em seguida, mencionou as alternativas ao transporte coletivo que ganham cada vez mais espaço: os carros com preços cada vez mais acessíveis ao longo das décadas e a popularização de motos, bicicletas e patinetes – que segundo Bisch, vieram pra ficar.

O diretor-presidente passou então a tratar das dificuldades de gestão do sistema de transportes como um todo, com destaque para o grande número de órgãos responsáveis, de diversas esferas, que nem sempre atuam de forma integrada. Isso gera, conforme ele, “o sombreamento dos sistemas das cidades que se interpenetraram. A conurbação é completa na região metropolitana e existe um aglomerado de dezenas de poderes concedentes e a malha toda interligado, ou seja, com muita irracionalidade”.

Bisch também criticou o que chamou de “gestão política” do transporte, que resulta na criação de diversos benefícios por serem medidas que contam com a simpatia da população e/ou atendem necessidade sociais relevantes. Porém, em geral, não são buscadas maneiras de financiar esses benefícios para além de aumentar tarifas para o usuário em geral.

Conforme ele, a primeira ação de enfrentamento a essa realidade é uma priorização, a nível nacional, do transporte coletivo sobre o individual. A segunda, para Bisch, “é a modernização tecnológica dos sistemas e a integração de modais”, incluindo a unificação dos sistemas de bilhetagem, urbanos e metropolitanos, buscando eliminar irracionalidades e proporcionar mais facilidade ao usuário. “Isso pressupõe uma visão de conjunto e eu me refiro, em particular, às regiões metropolitanas”, afirmou.

O diretor-presidente disse enxergar razões para otimismo em relação a avanços. “Há uma mudança conceitual de valores na sociedade, o automóvel deixou de ser objeto de consumo número um e está literalmente perdendo prestígio”, avaliou. Ao mesmo tempo, as pessoas procuram caminhar mais, andar mais de bicicleta. Nas grandes metrópoles do exterior, o transporte coletivo é visto como fundamental e usado por pessoas de todas as classes sociais. “Então, tudo isso tende à recuperação do prestígio do transporte coletivo, que é preciso aproveitar”, afirmou Bisch. “O sistema tem que se modernizar e, acima de tudo, os valores da sociedade têm que mudar e precisamos trabalhar em conjunto com isso. A solução disso tudo, eu acho que vai depender de como essas coisas vão ser articuladas e executadas”, completou, encerrando sua participação inicial.

Em um comentário posterior, o diretor-presidente da Trensurb reafirmou a importância da integração urbana e interurbana na Região Metropolitana de Porto Alegre: “Tem que ser um modelo harmônico e integrado, isso é a essência da engenharia e da solução logística para a região como um todo. Então, isso é muito importante, a questão número um do transporte na região metropolitana, eu diria”. Para ele, há inclusive um consenso de diversos atores nesse sentido, mas até agora faltou peso político e uma maior ênfase da opinião pública quanto a isso para haver avanços maiores. Mais tarde, Bisch também procurou deixar claro que “o problema é muito grande e ele vai ter que ser resolvido por etapas e por regiões”. Sobre isso, declarou: “Nós sabemos que não vai ter solução mágica e vai ser por etapas também, mas se adotarmos a idéia de que cada etapa é uma pequena vitória, resolvemos um problema, resolvemos em Viamão, em Canoas, isso pode nos dar uma ideia de dinâmica de acompanhamento e aí sim o programa vira permanente, de acompanhamento da evolução do sistema de integração metropolitana”.

Em sua última participação no evento, Bisch falou da importância da Metroplan para o planejamento metropolitano e lembrou o Estatuto da Metrópole. Instituído em 2015 pelo governo federal, segundo o diretor-presidente, o Estatuto “dá um panorama geral que diz respeito a todos os setores e cria guarda-chuvas legais maravilhosos falando de intergovernabilidade”. Bisch concluiu, declarando: “Sobre esse debate, o mais relevante é que todos queremos melhorar o sistema por uma razão única: o cidadão merece ter um serviço à altura. No fundo, é para defender o usuário, um sistema com mobilidade, mais barato, mais ágil, mais confortável. Em resumo, é isso”, finalizou.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
Publicidade

Você também pode gostar