Um novo alerta de chuvas intensas foi emitido pela Defesa Civil na terça-feira (21), com atenção especial para a Metade Sul do Estado. O comunicado é sobre riscos de chuvas entre 120mm e 150mm nos próximos dois dias, o que vai provocar aumento do nível de rios que já estão elevados, caso do Canal São Gonçalo.
“Outros rios e arroios da região, como Jaguarão, Quaraí e Ibirapuitã, também podem trazer muitos problemas para as comunidades em toda a fronteira sul. Nesses locais, as pessoas, especialmente as ribeirinhas ou que vivem em áreas de risco, precisam estar atentas e devem ser deslocadas pelas prefeituras para evitar perdas de vida e outros transtornos”, explica o governador Eduardo Leite.
Os impactos dessas chuvas devem ser menores no Norte do Estado. Dessa forma, os rios que contribuem para o elevar o nível do Guaíba, em Porto Alegre, não deverão apresentar grandes cheias – o que manterá a expectativa de manutenção da queda no nível do lago na capital.
Alerta
As cidades de São Lourenço do Sul, Pelotas, Arambaré, Rio Grande e São José do Norte estão em estado de alerta. Modelos e previsões meteorológicas apontam pico de cheias nesta quinta-feira (23/5), que virão com a mudança da direção dos ventos aliada a chuvas volumosas.
A Defesa Civil estadual, que atua a partir do Gabinete de Gestão Integrado Regional no Nono Batalhão de Infantaria Motorizado (9°BIMtz), tem emitido alertas para os 27 municípios com quem possui interlocução na região. “A combinação da chegada de bastante água do Guaíba na Lagoa dos Patos (na região de Pelotas e Rio Grande) mais o vento levando essas águas e a quantidade de chuva que pode cair é algo preocupante”, destaca o meteorologista Henrique Repinaldo, do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
“Estamos monitorando o avanço das águas na Lagoa dos Patos e esperamos que o volume do segundo pico do Guaíba passe por Pelotas até quarta-feira. Mas vale lembrar que a dinâmica da lagoa em função dos ventos é extremamente complexa, e acompanhamos diariamente as condições meteorológicas e de vazante do Canal da Barra de Rio Grande”, avalia a professora de Hidrologia da UFPel Tamara Beskow.
“Nos próximos dias, a gente vê um quadro com uma oscilação atingindo sempre níveis máximos, com estuário cheio, acima da média normal, mantendo áreas inundadas permanentemente, como em São José do Norte”, afirma Glauber Acunha Gonçalves, integrante do Centro de Ciências Computacionais, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Ele explica que o sistema será sobrecarregado com a chegada das massas d’água que elevaram o Guaíba, com elevação considerável nesta quarta (22).
Gonçalves faz parte de uma equipe que gerou um modelo da dinâmica das águas da Lagoa dos Patos até 31 de maio. O trabalho foi realizado em esforço conjunto com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Corpo de Bombeiros de São José do Norte.
O hidrólogo da Sala de Situação do Rio Grande do Sul, Pedro Camargo, concorda com a previsão da Furg, frisando que é uma estimativa. “Com eventos anteriores e históricos, tínhamos uma estimativa de sete dias entre o pico no Guaíba e o pico na Lagoa dos Patos. Porém, com o repique de cheia, os sete dias seguiriam o pico do repique, porque a água se desloca mais lentamente na bacia da Lagoa, não segue a mesma velocidade no Guaíba”, explica.