A Comissão Histórica do Bicentenário de São Leopoldo e da imigração alemã organizou um momento para conhecer memórias e pesquisas sobre o patrimônio histórico da imigração alemã, tendo como enfoque a Ponte 25 de Julho, obra tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). O painel foi realizado nesta quinta-feira (15), em alusão ao Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado no dia 17 de agosto.
A Casa da Feitoria, outra obra que compõe o patrimônio histórico do município, também foi assunto no evento. A casa é um patrimônio tombado pela Iphae. A professora-doutora Ana Meira apresentou informações sobre o prédio e seu histórico. De acordo com a pesquisadora, a obra é atribuída ao patrimônio de influência alemã, mas é uma construção luso-brasileira, do período imperial, que posteriormente teve pintura de cor vermelha nas partes de madeira no projeto de restauração do engenheiro Theodor Wiederspahn. Ana é professora de Arquitetura na Unisinos, especialista em Preservação e Restauração de Edificações de Interesse Cultural, tendo atuado em várias instituições de destaque, incluindo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os participantes Nestor Torelli Martins e Cláudio Tagliari lembraram do momento histórico em que foi assegurada a preservação da Ponte 25 de Julho, impedindo a sua demolição para a construção do muro do sistema de proteção contra enchente e como participaram deste feito. A altura da ponte foi adaptada para a sua permanência no local. Martins é arquiteto com uma carreira destacada, incluindo atividades como membro do Conselho Municipal do Patrimônio de São Leopoldo (COMPAC), do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Tagliari é historiador e ativista dedicado à defesa do patrimônio histórico de São Leopoldo e ficou conhecido por seu papel significativo na preservação da Ponte 25 de Julho na década de 1980.
O painel teve contribuições do diretor do Iphae, Renato Savoldi, e do professor e mestre Adalberto Heck. O representante do Iphae falou sobre o trabalho do órgão estadual e a importância da preservação do patrimônio. Savoldi relembrou que a Ponte 25 de Julho foi o primeiro bem tombado pelo Iphae. A primeira proposta contendo o projeto e orçamento para a ponte é de 1849, do engenheiro Alphonse Mabilde. A ponte foi concluída em 1875, dando acesso à Estrada de Ferro e seu tombamento aconteceu em 1980. “A estrutura foi encomendada da Alemanha, chegando a pedaços e sendo montada aqui. O tombamento da ponte foi um marco histórico e é até hoje”, ressaltou o mestre.
Na sequência, Heck abordou a legislação voltada ao patrimônio. O professor avalia que a lei de São Leopoldo é muito boa, assim como destacou a importância das regulamentações para sua aplicação e incentivos para a preservação do patrimônio histórico.
A condução do painel foi realizada pelo historiador e coordenador do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Relações de São Leopoldo (Secult), Márcio Linck. O secretário municipal Marcel Frison e a diretora administrativa Lionella Goulart também participaram do evento que contou com a presença de professores, pesquisadores, entre outras pessoas da comunidade.
A Casa da Feitoria/Museu do Imigrante é, provavelmente a “Casa dos Teares” onde os escravos negros produziam os fios e cordas para barcos a vela, compondo o empreendimento português designado aqui de “Real Feitoria do Linho-Cânhamo”, que funcionou em São Leopoldo entre os anos de 1788 a março de 1824. Em 25 de julho deste último ano, a casa serve de abrigo para os primeiros imigrantes que chegaram a São Leopoldo. Em 1941, bastante deteriorada pela ação do tempo, depois de adquirida pela Prefeitura Municipal de São Leopoldo, esta promove a sua restauração sob as mãos do Engenheiro Theodor Wiederspahn. Após muitos anos servindo como escola, a casa é doada ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo que inaugura no ano de 1984 um museu temático voltado à Imigração Alemã”, explica Márcio Linck.