Você certamente já ouviu falar em Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), mas provavelmente não em Maria Anna Mozart (1751-1829), sua irmã mais velha e igualmente talentosa. A vida e obra dela e das brasileiras Chiquinha Gonzaga e Rita Lee foram abordadas no projeto “Música, estágio e pesquisa: ações formativas com o tema Mulheres na Música”, um dos três premiados da 8ª Edição do Prêmio Prof. Rubens Murillo Marques, realizado pela Fundação Carlos Chagas.
Com o estudo de produções femininas, a professora de licenciatura em Música na UFG (Universidade Federal de Goiás), Thaís Lobosque Aquino, trabalhou a importância de superar o processo de invisibilização das mulheres no campo musical, por meio da interação entre futuros docentes e estudantes da Educação Básica. Com o desenvolvimento do projeto, outro ganho foi a articulação entre estágio e pesquisa, e entre a universidade e a escola de aplicação, parceira na realização do projeto.
O projeto sobre as musicistas foi organizado em três experiências formativas distintas:
“Festival Bem-te-fiz”: grupos de estudantes da Educação Básica participaram de competição de arranjos instrumentais/vocais/corporais a partir do repertório musical de Rita Lee, sob orientação de graduandos do curso de Música-Licenciatura da EMAC (Escola de Música e Artes Cênica da UFG) e professores de música;
“Revoada Musical”: envolveu 35 crianças entre sete e 12 anos na produção de espetáculos cênico-musicais sobre o tema Orquestra, após pesquisarem a figura de Maria Anna Walburga Ignatia Mozart, apelidada de Nannerl Mozart (1751-1829);
“Chiquinha Gonzaga: vida e obra”: envolveu semanalmente os estagiários do curso de Música-Licenciatura da EMAC/UFG nos estudos sobre a vida e obra de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga (1847-1935). O trabalho foi desenvolvido durante as aulas da disciplina de música com uma turma do 3º ano do Ensino Fundamental do CEPAE/UFG.
“Trazer essas mulheres à tona foi muito importante para combater o processo de invisibilização no campo musical. Sem dúvida, elas contribuíram para a história da música no Brasil e no ocidente, seja na música popular como na erudita.”, destaca a professora Thaís.
As três iniciativas contaram com apresentações musicais abertas ao público e momentos de exposição e discussão dos resultados alcançados durante o projeto. Ao longo de todo esse percurso, crianças, estagiários e professores experimentaram ativamente diversas possibilidades de criação, arranjo e performances instrumentais, vocais e/ou corporais.
A cerimônia de premiação ocorrerá em São Paulo na sexta-feira, 23, na sede da Fundação Carlos Chagas. Na ocasião, a professora Thaís Lobosque Aquino e as outras premiadas (Barbara Corominas Valério e Daniela Mariz Silva Vieira, da Universidade de São Paulo, e Daniela Franco Carvalho, da Universidade Federal de Uberlândia) receberão um prêmio de R$ 20 mil, um diploma e um troféu, réplica da escultura de uma artista plástica Vera Lucia Richter. Seus projetos serão disponibilizados, em detalhes, na próxima Série Textos FCC, publicação da Fundação Carlos Chagas.
“A cada ano, o processo de seleção tem sido cada vez mais gratificante, pois há experiências muito interessantes Brasil afora, e é muito difícil comparar projetos que são excelentes. O critério diferenciador, que discriminou as três vencedoras, foi o foco nos procedimentos didáticos utilizados tendo em vista à aprendizagem da docência do futuro professor”, afirma uma das coordenadoras do Prêmio e pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da FCC, Patrícia Albiéri de Almeida.
Sobre a iniciativa
Criado em 2011, o Prêmio é também uma homenagem ao Prof. Dr. Rubens Murillo Marques, presidente de honra e um dos fundadores da Fundação Carlos Chagas, em reconhecimento a sua trajetória acadêmica e ao seu empenho no fortalecimento desta instituição.