Nos últimos 40 anos, o setor de tabaco estabeleceu como meta erradicar o consumo de lenha nativa. Concentrada no Sul do Brasil, boa parte das áreas produtoras de tabaco ficam junto ao bioma Mata Atlântica. Com as ações de preservação e recuperação, os resultados são visíveis.
Há algumas décadas, o setor já é autossuficiente em lenha para a cura do tabaco.
O incentivo aos plantios florestais alcançou importantes resultados, como o alto índice de cobertura florestal nas pequenas propriedades produtoras de tabaco que chega a 24%, segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), sendo 15% de mata nativa e 9% de plantios florestais.
“Há algumas décadas, o setor já é autossuficiente em lenha para a cura do tabaco e, com isso, a mata nativa é preservada. O incentivo das indústrias, que iniciou em meados dos anos 70, e a disposição dos produtores em plantar eucaliptos foi fundamental para termos hoje índices invejáveis de cobertura florestal”, avalia o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke.
O dirigente lembra ainda o compromisso firmado nos contratos das indústrias integradoras com os produtores de que a produção e a comercialização de tabaco estejam em conformidade com as normas ambientais vigentes.
Desde 2019, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) mantém parceria com Universidade Federal de Santa Maria para consolidar e ampliar o conhecimento técnico-científico no sentido de fortalecer a atividade florestal, garantir a autossuficiência e a segurança energética e financeira da pequena propriedade rural. A pesquisa é coordenada pelo professor doutor Jorge Antonio de Farias.
“A produção de tabaco é uma cultura centenária e quando se estabeleceu na nossa região era fortemente dependente das florestas naturais como fonte de fornecimento de lenha, especialmente porque não havia oferta de florestas plantadas. As espécies que hoje são bastante comuns como eucalipto e acácia negra, naquela época eram raras e pouco conhecidas e, por outro lado, havia uma abundância de florestas nativas. A partir da década de 70, quando o setor estabelece metas para erradicar o consumo de lenha nativa, os produtores passaram a utilizar lenha oriunda de plantios florestais”, contextualiza Farias.
“Nesse sentido, o projeto tem como objetivo fortalecer as conquistas obtidas até aqui, ou seja, a manutenção da área florestal existente, e, ao mesmo tempo, trazer novos elementos e tecnologias que possam aumentar a produtividade em áreas já existentes e possibilitar a expansão de novas áreas. Para isso, estamos criando unidades de referência em dezenas de propriedades de tabaco, testando novas tecnologias e técnicas, como o espaçamento (a distância entre as árvores), novos materiais genéticos e espécies florestais que possibilitem maior produtividade e desempenho energético”, afirma o professor.
Ele espera em breve poder apresentar resultados que serão também compartilhados em canais próprios voltados aos produtores de tabaco, incentivando a prática conservacionista sem prejudicar a renda e a segurança energética nas propriedades.