Automedicação é um perigo para a saúde bucal

Por Gabrielle Pacheco

Todos conhecemos, ou até mesmo somos, aqueles que montam uma farmácia particular em casa com uma variedade de remédios para dores musculares, dores de cabeça, coriza, febre, indigestão, entre outros sintomas que podem nos acometer no dia-a-dia. Mas, não atentamos para o fato de que a automedicação pode se tornar um problema sério quando vira rotina.

Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), mostram que os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos e o segundo lugar nos registros de mortes por intoxicação. O Sistema também aponta que apenas 50% dos pacientes, em média, tomam seus remédios corretamente, ou seja, cumprem a duração e intervalo de uso de medicamentos estipulados por profissionais da saúde.

Além de mascarar sintomas recorrentes que podem indicar alguma doença grave, o uso de medicamentos autoprescritos pode ser nocivo para a saúde bucal. De acordo com cirurgião-dentista Sidney das Neves, integrante da Câmara Técnica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), a utilização indiscriminada de antibióticos e antiinflamatórios é a mais preocupante.

Segundo ele, a automedicação para tratar uma infecção na região da boca pode resultar em graves consequências para a saúde geral. “Os processos infecciosos na região maxilofacial e cervical evoluem de maneira muito rápida, por isso, o tratamento sem um acompanhamento do cirurgião-dentista pode resultar em uma terapia ineficaz, podendo até mesmo contribuir para o agravo da condição”, informa Neves.

Usar esses medicamentos sem prescrição de um profissional qualificado também pode alterar os efeitos do uso de outro remédio que o paciente esteja utilizando, diminuindo ou anulando completamente o resultado terapêutico desejado. “Especificamente no caso dos antibióticos, o uso inadvertido, ao invés de combater de forma adequada o micro-organismo responsável pelo processo infeccioso bucal, por exemplo, poderá auxiliar na seleção de uma bactéria muito mais resistente, levando risco à pessoa”, afirma o cirurgião-dentista.

Não só a população, mas os próprios profissionais da saúde devem estar atentos ao receitar antimicrobianos. Cirurgiões-dentistas e médicos devem seguir as determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aconselha a indicação de medicamentos que ofereçam o máximo de efeito terapêutico com o mínimo de toxicidade e de potencial de desenvolvimento de resistência microbiana.

Foto: Reprodução | Fonte: Assessoria
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