Atividades de fiscalização, preservação e pesquisas são mantidas nos parques estaduais

Por Gabrielle Pacheco

O Jardim Botânico, o Museu de Ciências Naturais, o Parque Zoológico e as Unidades Estaduais de Conservação, são espaços administrados pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), que estão fechados até 30 de abril, em razão das medidas de prevenção à Covid-19. Os parques reúnem estudantes, pesquisadores, famílias e rendem boas memórias. Embora os portões não estejam abertos ao público e as rodas de chimarrão tenham sofrido uma pausa, profissionais seguem atuando diariamente na manutenção, no cuidado, na fiscalização e na preservação desses ambientes. Seja em regime de home office ou presencial, o objetivo é manter a estrutura e os ecossistemas para recepcionar os visitantes quando o período de isolamento acabar.

O Parque Zoológico, localizado em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, conta com cerca de 80 funcionários. Aqueles que têm acima de 60 anos (25% do total) e, portanto, integram um dos grupos de risco da Covid-19, estão em teletrabalho. A equipe de vigilância, que age 24 horas por dia, segue com o seu efetivo e escala de horários mantidos. Os demais servidores estão em regime de revezamento.

As reuniões que ocorriam toda semana entre os profissionais foram substituídas por contatos virtuais, estabelecidos com mais frequência. A gestora do parque, Caroline Weissheimer Costa Gomes, informa que biólogos, veterinários, tratadores de animais e equipes de manutenção e limpeza continuam trabalhando de forma presencial, obedecendo a uma escala de revezamento. “Nossos animais não podem ficar desassistidos em nenhum momento e necessitam de atendimento diário”, explica.

O Zoo implementou cuidados extras. Tratadores utilizam luvas e máscaras, reduzindo o contato direto com os animais e estabelecendo higienização mais intensa aos recintos e utensílios.

Pesquisa e preservação

Em Porto Alegre, a rotina no Jardim Botânico e no Museu de Ciências Naturais também foi adaptada. Pessoas com mais de 60 anos trabalham em casa, e o restante faz revezamento. Ao todo 58 profissionais atuam na Divisão de Pesquisa e Manutenção de Coleções Científicas. Os encontros, agora por videochamada, mantêm o encaminhamento dos projetos e das pesquisas, numa rotina diária de contribuição para a ciência e a sociedade.

O museu fica dentro da área do Jardim Botânico, e suas coleções científicas necessitam de atenção todos os dias. O chefe da divisão, Daniel Brambilla, comenta que são muitos detalhes a serem preservados, além da segurança do local. “Os técnicos e biólogos mantêm a condição das coleções. Entre suas atividades estão controlar a quantidade de álcool necessária para manter as peças conservadas dentro dos vidros, observar a temperatura e a umidade das salas e a irrigação ou desenvolvimento de doenças nas coleções vivas de plantas”, explica.

Brambilla reforça a importância de poder contar com uma equipe que faz a diferença em um período tão delicado. “Enquanto alternativas são encontradas para que possamos retomar a rotina, nossa equipe segue preservando o essencial e atendendo às demandas que surgem para proteger a riqueza histórica que temos em 36 hectares de natureza e na curadoria das coleções científicas que pertencem a todos os gaúchos”, reforça.

Unidades de Conservação

Nas 23 Unidades de Conservação (UCs) administradas pela Sema, o período de isolamento social tem feito os guarda-parques atuarem de forma mais intensa devido a um problema que não é comum na rotina dos profissionais: o descumprimento de regras pela população.

Mesmo diante da situação de calamidade pública decretada pelo governo do Estado, muitas pessoas vêm utilizando as UCs para pescar ou caçar de forma irregular. Os guarda-parques também flagram acampamentos em áreas de preservação ou pessoas passeando durante o período de isolamento.

Essas infrações preocupam os 114 servidores que atuam nas unidades e readaptaram suas rotinas entre trabalho em casa e revezamento, seguindo a regra de manter serviços essenciais funcionando, como a proteção ao ambiente.

“Entendemos que devemos cumprir com o nosso papel de mantenedores, de fiscalizar e gerir as áreas protegidas. No entanto, pedimos que a população também colabore neste sentido. Nós seguimos trabalhando para proteger e preservar aqueles que devem ficar em casa. Quarentena não é férias. Seguimos monitorando todas as atividades das áreas, que poderão ser visitadas após a normalização da rotina”, destaca o chefe da Divisão e Unidades de Conservação, Luciano Weber Kops.

Para o guarda-parque Cassiano Oliveira, que trabalha no Parque Estadual do Tainhas, “as espécies da fauna e da flora são fundamentais para a manutenção da biodiversidade nesses locais”. Ele critica que nesse período a população busque refúgio na natureza. “Lugares como o parque são protegidos por lei, exatamente por serem frágeis e por necessitarem de máxima atenção. Seguiremos vigilantes e atuantes, mas pedimos que toda a comunidade se proteja e fique em casa”, diz.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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