ABCDT e SBN denunciam aumento abusivo e dificuldade de abastecimento de insumos para diálise ao Ministério da Saúde

Por Gabrielle Pacheco

A Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) e a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) enviaram nesta semana um Ofício ao Ministério da Saúde, alertando o governo sobre o aumento abusivo e uma possível falta de disponibilidade no mercado da substância heparina, insumo primordial para a realização do tratamento de hemodiálise. As entidades solicitam ao órgão providências em caráter emergencial para coibir abusos e evitar o desabastecimento do setor da diálise, pois tal fato pode inviabilizar o tratamento de cerca de 140 mil brasileiros e brasileiras em curto e médio prazo.

As clínicas de diálise receberam dos representantes comerciais e da indústria produtora de heparina, que são somente quatro no Brasil, relatos de dificuldade de produção e informações de possível desabastecimento, que se refletem no descumprimento dos prazos de entrega e no aumento dos preços de forma repetida ao longo dos últimos seis meses. De acordo com levantamento da ABCDT, a heparina apresentou variação de preço atípica: o frasco de 5 ml teria passado de R$ 7 para R$ 23, com o reajuste de mais de 200%. O quadro é agravado quando se usa como parâmetro a variação do dólar, levando-se em conta a disparada atual provocada pela pandemia.

“Nefrologistas, pacientes e seus familiares estão angustiados com esta realidade que atinge todos os dias a realização de um tratamento com segurança”, afirma Yussif Ali Mere Júnior, presidente da ABCDT. Yussif reitera: “Esperamos uma resposta imediata do Ministério da Saúde, pois estamos falando de uma possível falta de insumos que são fundamentais para realização da terapia renal substitutiva e a manutenção da vida”. Ele explica que a ABCDT já formalizou denúncia ao CADE e aos órgãos competentes sobre cobrança abusiva por parte de fabricantes e vendedores de materiais que são de extrema importância no tratamento de pacientes com Doença Crônica Renal. “Nossa meta é uma só: criar condições para que as clinicas possam oferecer aos pacientes o tratamento que precisam para sobreviver”.

Esta situação é potencializada pelo maior risco de evolução desfavorável dos pacientes renais frente ao coronavírus, pela dificuldade de acesso aos exames diagnósticos da COVID-19, além do aumento dos custos com profissionais de saúde em virtude da abertura de turnos suplementares e outras medidas de isolamento necessárias para essa população de doentes renais. Além da heparina, a ABCDT denuncia a dificuldade das clínicas associadas em encontrar materiais básicos de segurança pessoal, como máscaras cirúrgicas, luvas e álcool 70%. Tais insumos também apresentam um aumento de preço alarmante desde a chegada do Covid-19 ao país. Na maioria dos estados, esse material já é encontrado com escassez pelas clinicas, e ainda com preços abusivos, superando os 150% de aumento.

Outro fator crítico para o setor da nefrologia no Brasil são as dificuldades financeiras que as clínicas prestadoras de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentam historicamente. Há décadas, o valor pago pelo Ministério da Saúde por sessão de diálise está abaixo do custo real e não acompanha a cotação do mercado. Frente a este quadro de subfinanciamento, as clínicas vêm perdendo sua capacidade de investimento em qualidade, segurança e expansão e, muitas vezes, até da manutenção de suas atividades. O resultado é a redução de vagas para novos pacientes, que se mantém represados nos hospitais, além do encerramento das atividades de dezenas de clínicas em todo o país.

Sobre a ABCDT

A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) é uma entidade de classe que representa as clínicas de diálise de todo o país. Tem como principal objetivo zelar pelos direitos e interesses de seus associados, representando-os junto aos órgãos públicos, Ministério da Saúde, Senado Federal, Câmara Federal, Secretarias Estaduais e Municipais. Também representa as clínicas e defende seus interesses individuais e coletivos.

Foto: Agência Brasil/Divulgação | Fonte: Assessoria
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