Em 31 de maio, é celebrado o Dia Mundial do Acolhimento Familiar, em referência ao serviço de cuidado temporário para crianças e adolescentes em situação de abandono ou afastamento do convívio da família biológica. Em Santa Cruz do Sul, onde o Programa está em fase de implementação, a data foi marcada por emocionantes relatos de famílias acolhedoras atuantes em municípios vizinhos, em evento realizado à noite, no Memorial da Unisc, por organização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social.
O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA) contempla o recebimento de crianças e adolescentes, vítimas de abandono, negligência familiar, violência ou opressão, em famílias sem vínculo de parentesco, retirando-as de abrigos e proporcionando a elas um lar temporário com carinho, atenção e disponibilidade afetiva, até que possam ser reinseridas na família de origem ou adotadas por outra.
Participaram da abertura a prefeita Helena Hermany; a secretária de Desenvolvimento Social, Roberta Pereira; a titular do Juizado Regional da Infância e Juventude, Lísia Dorneles Dal Osto; a promotora de Justiça Especializada, Danieli de Cássia Coelho; e o líder do Governo no Legislativo, vereador Henrique Hermany.
Experiência como Família Acolhedora
O evento teve seu ápice com os depoimentos apresentados por Luciane Amaral da Silva, 51 anos, e Luis Paulo Gomes da Silva, 58, que se deslocaram de Sapucaia do Sul para contar sua experiência, acompanhados da coordenadora do SFA da cidade, Vanessa Schlindwein.
O casal, que tem dois filhos biológicos já adultos, decidiu em 2018 oferecer a casa como lar temporário a crianças e adolescentes após uma promessa feita por Luciane, que enfrentava problemas de saúde. Durante o relato, contaram que, de lá pra cá, já acolheram treze pessoas, desde bebês até adolescentes, e seguem com a casa de portas abertas, se necessário. Apesar das dificuldades e desafios enfrentados, Luciane e Luis consideram o acolhimento familiar um “serviço apaixonante”, uma “missão de vida”.
Além deles, participaram por videoconferência a integrante do SFA de Medianeira, Paraná, Sandra Horn de Almeida acompanhada da psicóloga Patricia Weizemann; e do Abrigo João Paulo II, de Porto Alegre, Bruna Rolim com a coordenadora municipal Suzana Pellegrini.
O que dizem as autoridades
O vereador Henrique foi quem levou o debate sobre o Serviço Família Acolhedora ao Legislativo Municipal no começo do ano passado, o que culminou na aprovação da Lei 8.875/22 que regulamenta o Programa em Santa Cruz do Sul. Em seu pronunciamento no evento, ele explicou que o papel do SFA jamais será desmerecer o trabalho prestado pelas casas de acolhimento da cidade, já que vem como uma política pública a mais para garantir segurança e proteção: “vemos que o acolhimento familiar, ainda que provisório, traz experiências melhores que o institucional, já que oferece carinho e amor de família às crianças e adolescentes até que possam ir para adoção ou retornar de forma segura ao convívio familiar”.
A prefeita Helena, que sancionou a Lei em março do ano passado, lembrou dos avanços do município no sentido de proteger crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e agradeceu às famílias envolvidas: “Se tiver uma família disposta a acolher, e se tiver uma criança ou adolescente acolhido, já valeu a pena”.
Como está a implementação em Santa Cruz do Sul
De acordo com informações repassadas pela coordenadora do SFA no município, Mônica Tricia Pitrovsky, desde novembro do ano passado, quando o serviço começou a ser divulgado na cidade, doze famílias demonstraram interesse em colaborar. Atualmente, há dois casais realizando o curso de formação para ficarem habilitados e outro, que já concluiu o curso, está prestes a iniciar os acolhimentos.