Fórum Encadear Summit abordou inovação, transformação e supply chain

Por Ester Ellwanger

A 30ª Mercopar contou, nesta terça-feira, 5 de outubro, com a terceira edição do Fórum Encadear Summit, que ocorreu no Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva, em Caxias do Sul. O encontro, que aconteceu na data que celebra o Dia Nacional da Micro e da Pequena Empresa, tinha o objetivo de ampliar a disseminação dos conceitos e das práticas de encadeamento produtivo com foco nos ganhos das cadeias de valor e na inovação dos negócios. Na abertura, o executivo-chefe do Sebrae RS, Alessandro Machado, e o diretor técnico do Sebrae RS, Ayrton Ramos, explicaram o funcionamento do Fórum, que foi dividido em três momentos e palestras diferentes, e destacaram cases de parcerias da instituição gaúcha com grandes companhias.

No painel Inovação Rápida e Exemplos de Aplicação, o engenheiro eletrônico e diretor em Inovação na IBM Latin America, Agostinho Villela, apresentou as principais transformações digitais ocorridas durante a pandemia, como a compra de comida por apps, que aumentou significativamente. Outro ponto que foi destacado por ele é o crescimento do uso da inteligência artificial e do sistema por nuvem (cloud), além da utilização mais frequente de dados no varejo. “Um exemplo desse tipo de aplicação é o “pague online e pegue na loja”. O cliente ganha tempo fazendo isso em vez de ir até o local escolher o produto e comprar e o comércio economiza”, afirmou.

Inovação como estratégia

Outro painel que integrou a programação do Fórum Encadear Summit foi o Inovação como Estratégia: Impacto na cadeia produtiva, que abordou como processos e iniciativas de inovação refletem como um todo dentro das organizações. Com mediação do diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy, o momento contou com a participação do CTO e diretor industrial das empresas do Grupo Florense, Felipe Luis Corradi; do superintendente Administrativo da Unimed Nordeste RS, Marcos Zago; e do diretor de Inovação da Meber, Marcio Chiaramonte. “As MPES precisam se atualizar e estar inseridas no encadeamento produtivo. Já as grandes empresas necessitam entender a importância da qualificação da cadeia produtiva”, ressaltou o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy.

Entre os pontos relevantes do nosso processo estão o despertar das pessoas, prepará-las e permitir que as mudanças aconteçam”.

Para o CTO e diretor industrial das empresas do Grupo Florense, Felipe Luis Corradi, o grande desafio da inovação é despertar no outro a mudança de pensamento. “Entre os pontos relevantes do nosso processo estão o despertar das pessoas, prepará-las e permitir que as mudanças aconteçam”, afirmou. Porém, reforçou que, para isso, é preciso haver alteração também na forma com que as lideranças pensam a respeito da inovação. “Para que possamos estar em um estado avançado na cadeia de valor, precisamos primeiro fazer a lição de casa”. Para o executivo, é preciso sair da zona de conforto e desafiar colaboradores e lideranças. “Assim, vamos criando os anticorpos da inovação”, acredita.

Já para o superintendente Administrativo da Unimed Nordeste RS, Marcos Zago, o foco da inovação da cooperativa está no dia a dia e na capacidade veloz de mudanças causadas pelas demandas atuais. “A área de TI se empenhou para criar um hospital completamente virtual, sem a utilização de papel. Utilizamos ferramentas para a gestão de leitos e trabalho médico”, conta Zago. Para a cooperativa, a realidade de atendimento auxiliou na mudança da maneira de pensar. “Em 2020 precisamos muito do relacionamento com a rede prestadora de serviços e com os fornecedores. As parcerias públicas e privadas também foram muito importantes nesse período”, diz, reforçando que a crise ajudou no desenvolvimento de um pensamento rápido das lideranças, com maior velocidade de decisão, e fortaleceu a conexão entre a cadeia de serviços de saúde. “A área de tecnologia clínica trouxe novas ferramentas para dentro da cooperativa”, ressaltou.

O que naquela época era chamado de experiência, hoje nós chamamos de indústria 4.0”.

Para o diretor de Inovação da Meber, Marcio Chiaramonte, a inovação que hoje se conhece como indústria 4.0, já era realizada em 1991, quando ele presenciou a montagem de um equipamento que realizava todo o processo de produção de sabonetes de forma automatizada. “O que naquela época era chamado de experiência, hoje nós chamamos de indústria 4.0”, disse. Segundo Chiaramonte, a história da Meber é marcada pela inovação. “Iniciamos com conserto de refrigeradores. Passamos para a produção de torneiras de chopp até chegar na produção de válvulas de conexão, que foi a responsável por fazer da empresa o que ela é hoje. A inovação sempre esteve presente”, contou. Para ele, a grande questão de ainda não estarmos mais à frente na corrida tecnológica é a burocracia dos processos legais. “A burocracia e as leis dificultam a inserção de tecnologias, fazendo com que fiquem ultrapassadas devido a sua rápida velocidade de evolução.”

Para encerrar o painel, o gerente de Planejamento Estratégico e Inovação da Cibra, Rafael França, afirmou que a inovação veio para a organização a partir da necessidade de um olhar atento para a experiência do cliente e do público interno. “Foi preciso uma mudança de cultura voltada ao relacionamento com o cliente e colaborador” afirmou. A partir do lançamento do e-commerce, a empresa teve a possibilidade da coleta de dados para segmentar e efetivar negócios. Outro ponto destacado pelo executivo foi a inserção de assistente virtual em demandas específicas, que possibilitaram a otimização de processos.

Os desafios e as tendências

Mediado por Daniel Pacheco Lacerda, professor de Engenharia de Produção da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o painel O futuro da supply chain contou com a participação do gerente de Planejamento e Logística da Stihl , Alex Souza, e do Marcelo Giovani Guimarães, diretor de Planejamento Industrial da Usaflex.

Souza contextualizou a Stihl no cenário mundial detalhando os 18 mil colaboradores, a produção em sete países, 54 mil revendedores especializados e 120 importadores. “Atualmente, é complexo falar sobre o contexto da supply chain. Com a pandemia, mudou totalmente o padrão de consumo e produtos que por vezes não requeriam containers ou navios especializados para transporte e passaram a utilizar”, conceituou. Segundo ele, o mercado apresenta uma demanda 20% maior do que a capacidade instalada e completou que mesmo com o fim da pandemia, estes desafios da falta de dispositivos devem se manter. “A Stihl teve uma alta de demanda durante a pandemia e tivemos um aumento de 40% em vendas em comparação ao período pré-pandêmico”.

O gerente de Planejamento e Logística da Stihl ainda destacou as principais tendências na área para enfrentar o cenário, que são: encontrar e atuar sobre os riscos ocultos, identificar as vulnerabilidades, diversificar a cadeia de fornecedores, manter estoques de segurança, repensar o trade-off e adotar a inovação do processo. “A resposta a estes movimentos precisa ser ágil, para evitar que os concorrentes aumentem market share. Inclusive, conseguimos elevar o índice da Stihl neste sentido, em razão da falta de insumos e dispositivos dos demais players no mercado”, concluiu.

Antes de inovar, precisamos conhecer muito bem a nossa cadeia, para que possamos direcionar os esforços para agregar valor. Entendemos que o processo precisa ser aprimorado e que esse pessoal precisa evoluir. Auxiliamos neste sentido desenvolvendo-os por meio de um programa do Sebrae”.

Já Guimarães ressaltou a produção da Usaflex de mais de 100 milhões de sapatos nos 22 anos de atividades, com quatro unidades fabris, três mil colaboradores e 850 fornecedores ativos. Entre estas empresas, há as subcontratadas permanentes da Usaflex, de pequeno porte e que muitas vezes não estão maduras para um debate sobre digitalização. “Antes de inovar, precisamos conhecer muito bem a nossa cadeia, para que possamos direcionar os esforços para agregar valor. Entendemos que o processo precisa ser aprimorado e que esse pessoal precisa evoluir. Auxiliamos neste sentido desenvolvendo-os por meio de um programa do Sebrae”, relatou.

Entre as principais ações da organização, o diretor de Planejamento Industrial da Usaflex destacou a criação do e-commerce, em 2019, e a evolução no processo de entrega dos produtos. “Buscamos soluções para agilizar o processo e até mesmo novos modais para execução. Hoje, temos uma startup recém contratada para fazer entregas em São Paulo que adota um sistema muito similar ao Uber e realiza o processo entre 1h e 2h, no máximo. Os produtos só agregam valor quando eles estão em poder dos consumidores para usufruí-los”, concluiu.

Foto: Dudu Leal/Divulgação | Fonte: Assessoria
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