III Seminário Ampliado debate os vínculos de aprendizagem no contexto da pandemia

Por Gabrielle Pacheco

Como manter ou revitalizar os vínculos de aprendizagem diante do desafiante momento em que vivemos? Este foi o tema do III Seminário Ampliado promovido pelo Instituto Crescer Legal nesta terça-feira, 10 de novembro. Realizado de forma virtual, o evento contou com a participação de mais de 60 profissionais das áreas de educação e assistência social nos municípios que atuam ou se relacionaram com o Instituto.

O diretor-presidente da entidade, Iro Schünke, abriu o evento falando sobre o impacto da pandemia nas atividades do Instituto. “Foi preciso muita criatividade para adaptar as atividades ao momento. Felizmente, as ações foram realizadas e temos a satisfação de chegar ao final do ano com os dois programas realizados. Nossos parceiros são extremamente importantes e esperamos contar com eles no próximo ano, quando esperamos uma volta à normalidade. Nosso agradecimento a todos aqueles que fazem o Instituto crescer cada vez mais”, frisou.

Ana Paula Motta Costa, advogada, socióloga e consultora do Instituto, falou sobre o tema do encontro. “Houve um tempo em que se acreditava que a ciência era puramente racional e passava ao largo da emoção. Mas hoje já sabemos que ninguém aprende só com razão. A aprendizagem só acontece se as pessoas se sentirem vinculadas e se entregarem ao projeto. Por isso, para o Instituto o vínculo é tão importante. E como vamos trabalhar vínculos à distância no contexto da pandemia? A resignificação do vínculo é tema central do nosso encontro”, comentou a socióloga, introduzindo a participação da psicóloga Francine Schutz Mentiacca.

Com experiência na área de desenvolvimento humano e organizacional, educação, assistência social e promoção à saúde, Francine conceituou o vínculo significativo saudável. “A construção de um vínculo significativo saudável é essencial não só para questões de aprendizagem, mas também para a saúde mental. Interesse, afeto, respeito, empatia, envolvimento, confiança e comunicação [verbal e não-verbal] perpassam a construção do vínculo. As emoções estão muito conectadas com a memória, sejam elas positivas ou negativas. Por esse motivo favorecem também o processo de aprendizagem. Desde os primórdios, o ser humano usa o vínculo como fator de sobrevivência. De lá para cá, o vínculo tem se aprimorado, mas ainda é por meio dele que, em comunidade, conseguimos nos comunicar, alinhar estratégias, aprender. Considerando que a maior parte dos aprendizados são construídos na relação com o outro, o vínculo é elemento essencial”, exemplificou.

De acordo com ela, no âmbito do Instituto, o primeiro vínculo dos aprendizes será inevitavelmente outros aprendizes. “Mas há outros vínculos a serem estimulados: com a família, com a instituição, com a comunidade e o educador. Incentivar os diferentes tipos de vínculo, pode ser desafiador, mas é importante para o pleno desenvolvimento do aprendiz”, comentou. Em relação ao momento vivido, a psicóloga refletiu que a pandemia nos trouxe desafios e foi preciso reajustar expectativas e trabalhar questões como resiliência, adaptação, flexibilidade. “Mas a construção do vínculo é possível, mesmo sem usarmos os cinco sentidos”, concluiu.

Ao longo do evento, parceiros expuseram suas experiências. Ana Paula Freitas Krug, diretora da Escola General Osório, de Herveiras, onde o Instituto sedia a segunda turma de aprendizes, relatou como as famílias e a escola, em conjunto, contornaram questões de logística enfrentadas com a pandemia. “Quando a pandemia começou, nós não sabíamos exatamente como proceder. Muitas famílias não possuem acesso à internet. Buscamos então outras referências familiares, como tios, para fazer essa comunicação inicial. Foram poucos os casos de famílias que não atenderam nosso chamado, mas a escola foi atrás e conseguiu reverter a entrega de materiais para 100%. O elo escola-família é muito grande e se intensificou diante das dificuldades”, relatou Ana ressaltando como ela também valoriza a importância do vínculo familiar.

Coube aos educadores Adriano Emmel e Débora Berghahnn trazer a experiência vivida pelo Instituto durante a pandemia. “Tivemos duas a três semanas de vivência presencial e foram fundamentais para que os educadores tivessem um primeiro contato com os aprendizes e suas diferentes realidades para dar então continuidade às atividades remotas. Planos de estudo foram entregues de forma impressa, ofertando a mesma oportunidade para todos. E a entrega e recolhimento das atividades, seguindo os protocolos de saúde necessários, acabou se tornando o momento presencial das turmas, com uma troca mais afetiva, olho no olho”, falou Adriano.

Segundo Débora, as atividades permitiram uma interação maior com a família e entes mais próximos das comunidades. Também foram criados momentos virtuais, turma a turma, de acordo com a possibilidade. “Criou-se grupo de whataspp, onde todos estão presentes, se não diretamente com o jovem, com algum ente familiar, considerando que alguns locais são limitados quando ao acesso da internet e até mesmo rede de telefone. Também se preferiu o uso de imagens e de áudios para facilitar para aqueles que não dispõe de wifi. As redes sociais também foram utilizadas para estreitar o vínculo com os jovens”, comentou.

Nádia Solf, gerente do Instituto, encerrou a programação falando sobre a alegria de reunir os parceiros. “Percebemos que estamos vinculados e nos encontramos nas dores e nas alegrias. Estamos muito felizes de poder reunir as pessoas que fazem o Instituto crescer cada vez mais. Acreditamos nos nossos jovens e sabemos que eles correspondem, querem continuar fazendo parte. Perseverar na esperança é a mensagem que levamos de 2020 para o futuro”, falou.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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