O espaço da UTI Neonatal no Hospital Sapiranga celebra nesta semana seis anos de existência. Ao longo deste período (23/01/2017 a 10/01/2023), foram 1.464 pacientes atendidos. O tempo médio de internação é 15 dias, porém, casos mais complicados registram até três meses. As situações mais frequentes são relacionadas à prematuridade, desconforto respiratório do recém-nascido e icterícia neonatal. Atualmente, o local é centro de referência da região e já recebeu recém-nascidos de 55 cidades do Rio Grande do Sul. Conforme relata a diretora do hospital, Elita Herrmann, um dos principais desafios da instituição foi a sua manutenção, devido à defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).
Grande parte do sucesso dos tratamentos e da recuperação é resultado do amor, do carinho e da presença da mãe e do pai ao lado de seus recém-nascidos
Segundo a gestora, o orçamento não supre os custos totais das diárias da unidade, o que gera dificuldades para manter o serviço. “Mas durante esses seis anos, não medimos esforços na busca de auxílio, um exemplo são, os recursos destinados por emendas parlamentares que contribuem para a manutenção deste serviço essencial para a nossa comunidade”, garante Elita. A equipe de psicologia do Hospital Sapiranga é um exemplos da importância do serviço. De acordo com a coordenadora, Viviana Blume, os profissionais dessa área cumprem um papel importante no acompanhamento dos casos com os pais na UTI Neonatal. “Todos estão preparados para gerar seus bebês e os levar para casa e quando isso não acontece, precisamos intervir para auxiliar com os sentimentos dos pais e fortalecer o vínculo dos mesmos com seus bebês”, exemplifica Blume. “Também organizamos grupos com os pais, no qual instigamos eles a falarem sobre seus sentimentos e com isso acabam percebendo que não estão sozinhos”, acrescenta.
Viviana menciona ainda a importância deste primeiro período de aproximação. “Pensando sempre em fortalecer o vínculo entre pais e filhos, o período de visita nesta unidade é mais prolongado”, afirma. “Grande parte do sucesso dos tratamentos e da recuperação é resultado do amor, do carinho e da presença da mãe e do pai ao lado de seus recém-nascidos”, explica a coordenadora.
A primeira paciente da unidade foi Rita Cristiane Bender, mãe de Julia Bender Flores, hoje com 6 anos. A bebê nasceu de 34 semanas, em um hospital em Novo Hamburgo de emergência, porém não tinha mais leito no hospital e a família foi, então, comunicada da necessidade de transferência. Rita comenta que sua experiência foi desafiadora. “Nenhuma mãe está emocionalmente preparada em dar a luz a seu sonhado filho e deixá-lo no hospital, comigo não foi diferente. Posso dizer que foram os 17 dias mais angustiantes da minha vida”, relembra. “Foi uma mistura de sentimentos que tomou conta de mim com medo, incertezas e insegurança”, acrescenta.
A mãe havia chegado com o pai às 9h e saído às 21h. O repouso na hora do almoço era doído não só pela angústia, mas pelos pés inchados. Apesar das dificuldades, a ex-paciente se sente agradecida pelo atendimento recebido na época. “Aos poucos fui pegando confiança na equipe de médicos e de enfermeiras que cuidaram com comprometimento e dedicação não só da minha filha mas de todos que entravam lá”, narra. “As enfermeiras foram os anjos que pedia em minhas orações. Nós evoluímos a cada dia um pouquinho e essa parte da minha vida foi construída pela equipe maravilhosa e abençoada do Hospital Sapiranga”, completa.
Kassia Loh Barth, mãe de Lavínia Loh Trendt, também foi atendida pelo Hospital Sapiranga. No dia 27 de novembro de 2018, Lavínia nasceu de 31 semanas e saiu de lá dia 8 de janeiro de 2019. Kassia relata que no hospital em que estava anteriormente não havia UTI, portanto, foi transferida para lá. Para ela, a atenção prestada pela equipe fez toda a diferença. “Fui muito bem atendida em um momento em que eu não conseguia sequer fazer força. As enfermeiras me deram a mão e me ajudaram”, lembra. “A UTI Neonatal é muito bonita, organizada e sempre tive uma atenção plena das enfermeiras”, acrescenta. A ex-paciente conta que sua filha tinha apneia e dificuldade ao respirar, mas que o atendimento amenizava suas preocupações. ” O ambiente era tão bom que às vezes a gente esquecia que estava em uma UTI Neonatal. Criamos uma rede de apoio e amizade e, hoje, acolhemos mães que perderam seus filhos”, descreveu.