A Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders) divulgou, nesta quarta-feira (2), os resultados da pesquisa “Características da População com Autismo no Rio Grande do Sul”. O levantamento apontou que, entre junho de 2021 e janeiro de 2025, foram registradas 36.430 solicitações da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), das quais 33.169 foram aprovadas em 485 municípios. Em relação ao ano anterior, houve um acréscimo de 11.962 carteiras e a adesão de 20 novos municípios ao registro.
Os principais motivos de indeferimento das solicitações foram laudos médicos não reconhecidos e diagnósticos incompatíveis com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O titular em exercício da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), Gustavo Saldanha, destacou a relevância do estudo para a formulação de políticas públicas. “Os dados nos permitem entender as necessidades e desafios da população com autismo no Rio Grande do Sul. Ter essa visualização do panorama é fundamental para a elaboração de políticas públicas assertivas”, afirmou Saldanha.
Perfil demográfico e mercado de trabalho
A pesquisa indicou que 72% das pessoas com autismo no estado são do sexo masculino. Além disso, 46% dos diagnósticos ocorreram até os 3 anos e 11 meses de idade. O estudo também mostrou que, em 33,31% dos casos, há mais de uma pessoa com TEA na mesma família.
No mercado de trabalho, 41% dos adultos com TEA estão empregados. Na educação, o levantamento apontou que 95% dos jovens entre 6 e 17 anos frequentam a escola.
Distribuição regional das carteiras Ciptea
A análise regional mostrou que a maioria das Cipteas está concentrada nos municípios mais populosos do estado. O presidente da Faders, Marquinho Lang, ressaltou a importância da pesquisa e da ferramenta Ciptômetro, que contabiliza as carteiras emitidas por município. “Ambos os dados se mostram essenciais para que os gestores públicos possam planejar e avaliar o impacto de campanhas de divulgação sobre o autismo, Ciptea e atuação da rede de apoio na efetividade das estratégias adotadas em diferentes regiões”, salientou Lang.
Entre os 28 Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) do estado, o Corede Metropolitano Delta do Jacuí concentrou 29,66% das carteiras aprovadas. O Corede Vale do Rio dos Sinos registrou 13,84% e o Corede Sul, 9,23%. Os menores percentuais foram encontrados nos Coredes Celeiro (0,66%), Alto da Serra do Botucaraí (0,62%) e Nordeste (0,61%).
Porto Alegre foi a cidade com o maior número de solicitações, representando 16,93% do total. Em seguida, Caxias do Sul registrou 4,67%, Canoas, 4,56%, e Rio Grande, 4,81%. Em termos proporcionais, a cidade com maior número de Cipteas em relação à população foi Capivari do Sul (0,75%), seguida por Rio Grande (0,65%) e Alto Alegre (0,61%).
Desafios sociais e acesso à saúde
A pesquisa indicou ainda que 85% da população autista no estado está nas faixas de renda mais baixas, vivendo com até 1,5 salário-mínimo. A coordenadora de Pesquisa da Faders, Aline Monteiro, apontou que, de 2024 para 2025, houve uma redução no número de pessoas com Ciptea que possuem plano de saúde.