A vigoração do decreto argentino que passa a exigir de caminhoneiros brasileiros que fazem o transporte internacional de cargas a apresentação de teste RT-PCR negativo para ingresso no país preocupa a Comissão do Mercosul da Assembleia Legislativa. O assunto foi abordado durante audiência pública nesta quarta-feira (14) pelo presidente do Colegiado, deputado Issur Koch (PP), em encontro que contou com as presenças dos cônsules do Uruguai e Argentina, prefeitos e vereadores de cidades fronteiriças.
Nossa preocupação (…) é de que as inevitáveis filas vão provocar atraso no envio das mercadorias, muitas delas perecíveis.
Pelo decreto do país vizinho, o exame deverá ser realizado até 72 horas antes da viagem. “A Argentina é o segundo destino das exportações gaúchas e um grande parceiro comercial do Brasil no mercado internacional. Nossa preocupação, e que também é compartilhada pela Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI), é de que as inevitáveis filas vão provocar atraso no envio das mercadorias, muitas delas perecíveis”, destacou Issur.
O presidente disse que iria oficiar via Comissão do Mercosul o governo Federal, relatando a situação e destacando os potenciais prejuízos ao Brasil causados pela medida do governo argentino. “O Itamaraty precisa agir. Se não houver recuo de parte da Argentina, o Brasil deveria adotar as mesmas medidas em relação aos caminhoneiros argentinos, dentro da cláusula de reciprocidade do Mercosul, e passar a exigir o PCR desses profissionais também”, finalizou.
Vários setores da economia gaúcha poderão ser prejudicados com a retenção de caminhões na Fronteira, entre eles o setor calçadista, que tem na Argentina o segundo destino do calçado brasileiro. Apenas no primeiro trimestre de 2021, os argentinos compraram 2,2 milhões de pares, com US$ 20,33 milhões de receita.
O que disse o cônsul
Presente à reunião, o cônsul argentino Ricardo Di Lelle disse que a decisão é transitória. “A Argentina vive a segunda onda da Covid-19. Ontem tivemos o recorde de infectados no país, com 27 mil novos casos. A preocupação do governo, neste momento, é encontrar um equilíbrio entre as medidas sanitárias, sem que isso prejudique a economia e o comércio entre os países. Tão logo seja possível rever essa posição, o relaxamento será feito na fronteira”, concluiu.