Os cenários econômicos doméstico e internacional foram pauta de encontro com empresários e representantes de entidades setoriais durante o Análise de Cenários, realizado ontem (25) no Locanda Hotel, em Novo Hamburgo/RS. O evento foi um promoção da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
O encontro iniciou com a exposição do doutor em economia Marcos Lélis, que falou sobre o panorama nacional, a influência da volatilidade cambial, a crise argentina e as perspectivas a médio e curto prazos para a economia brasileira. Segundo o especialista, existe um desaquecimento na demanda interna, que ganhou força a partir do início de 2018, depois de ter dado a “sensação de recuperação” em 2017. “No ano passado, especialmente no primeiro trimestre, tivemos a super safra, que fez com que o PIB crescesse, dando uma sensação de recuperação econômica, o que não se consolidou. Foi muito confete para pouca festa”, destacou, ressaltando que ao fato foi somada a liberação das contas inativas do FGTS. Assim, a previsão de crescimento do PIB nacional para 2018 caiu de 3% para 1,3%.
Para Lélis, outro fato que tem segurado a economia brasileira é a diminuição do crédito no mercado, especialmente o concedido por bancos públicos, como BNDES e Caixa Econômica Federal. “O fluxo de liberação de crédito público caiu de R$ 216 milhões, em janeiro de 2016, para menos R$ 83 milhões em julho deste ano”, disse, acrescentando que o fato não se repete com o financiamento privado, mas que a maior parte deste é para rolagem de dívidas antigas e não crédito novo. “Enquanto não tivermos crédito público no mercado, não teremos condições de recuperação da demanda”, projetou.
Segundo o economista, a taxa de subutilização da força de trabalho brasileira, na casa de 24%, também tem sido um empecilho para a recuperação econômica sustentável. “Além disso, a qualidade dos empregos gerados também é muito ruim, a maior parte é sem carteira assinada, o que prejudica a demanda”, ressaltou.