Em reunião na Assembleia Legislativa no último dia 20, o presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), apontou o crescimento alarmante dos preços de medicamentos e insumos utilizados no tratamento da Covid-19. Dados da entidade mostram uma alta de mais de 3.000%. Foram solicitados números às seccionais da AMRIGS nas regiões da Campanha, Região Sul, Serra e Região Metropolitana.
A ampola de Etadina, que em março de 2019 era de R$14,45 passou a R$63,00, uma variação de 335%.
A avaliação levou em conta valores de medicamentos e insumos praticados em 2019 e 2020. A Associação Médica de Pelotas trouxe dados de dois hospitais: o Hospital Unimed de Pelotas, que é um hospital privado e o Hospital Universitário São Francisco de Paula, que é público e ligado a Universidade Católica de Pelotas.
“A ampola de Etadina, que em março de 2019 era de R$14,45 passou a R$63,00, uma variação de 335%. Midazolan, um anestésico, subiu de R$3,00 para R$20,00, uma variação de 558%. Propofol, outro anestésico, subiu de R$11,50 para R$24,00 uma variação de 108,00%. Fentanil, de R$2,00 para R$5,00, ou seja, uma variação de 143%”, descreveu.
A questão atinge não só medicamentos, mas também insumos.“Uma máscara descartável de tiras, aquela que a gente usa no bloco, era R$ 0,11 e subiu para R$ 0,97, ou seja, aumentou 781%; a máscara de proteção bico de pato, passou de R$ 2,00 para R$ 4,00, 100% de variação. As luvas, de R$ 0,14 para R$ 0,75, quase 431% de aumento. O único insumo que baixou foi uma a máscara descartável de elástico que custava R$ 3,00 no início da pandemia, e hoje custa R$ 0,55. No Hospital São Francisco de Paula, o Atracúrio, também um relaxante muscular e anestésico usado no momento da intubação, subiu de R$21,60 para R$290, 1342% de aumento e trata-se de um medicamento que hoje no mercado não está disponível para comprar. O Midazolan, subiu de R$3,00 para R$130,00 quase 4000%, também uma droga hoje indisponível no mercado. Propofol, Ocurônio, que são drogas anestésicas, teve aumento de 1.000% e 2.000%. Naripimefrina de R$ 2,80 para R$ 10,50”. detalhou Gerson Junqueira Jr.
Na Região Serra a Associação Médica de Caxias do Sul mandou os números da Unimed Nordeste. “As coisas continuam iguais. Variações de 500%, 600%, 1100%. Números muito repetitivos mostrando um aumento substancial”, aponta. Na região da Campanha, foram solicitados os números da Associação Médica de Dom Pedrito, que tem como referência a Santa Casa de Caridade de Dom Pedrito. A luva aumentou de R$0,17 para R$0,95. Já o Atracúrio aumentou 3 vezes.
Dessa forma, se repete o que já foi detectado em outras regiões. Na Região Metropolitana,os números enviados foram referentes ao Hospital Vila Nova. O Atracúrio subiu de R$11,99 para R$22,00, quase 100%. Midazolan, de R$3,29 para R$31,00, ou seja, aumentou dez vezes o valor. O mesmo ocorre com os EPIs. O avental descartável foi de R$1,20 para R$4,30. As máscaras, de R$ 1,90 para R$ 7,40. “Todos os medicamentos e EPIs tiveram também na Região Metropolitana incremento de preço”, relatou o presidente da AMRIGS.
Dr. Gerson fez uma ressalva em relação a essa alta. “Temos de lembrar que a demanda de pacientes, na primeira onda, na segunda onda e agora na terceira onda é uma demanda muito alta, o que se reflete nestes números. Estes aumentos acontecem em todos os estados do Brasil, e em todos os países”, finalizou. O presidente da AMRIGS também se dispôs a compartilhar os dados coletados.
Avaliação
Na avaliação do presidente da CPI dos Medicamentos e Insumos da Covid-19, as primeira oitivas cumpriram sua expectativa. Ele e fez uma avaliação positiva.”Isto realmente é intolerável e põe em risco a vida das pessoas, configurando um crime contra o consumidor e configura um ato desumano contra as pessoas que precisam destas medicações para sobreviver”, afirmou o deputado Thiago Duarte.