A indústria calçadista brasileira se mostra preocupada com a ideia, ventilada por parte da equipe econômica do Governo Federal, de realizar uma abertura comercial irrestrita para produtos estrangeiros, com a redução da tarifa de importação, a chamada TEC (tarifa aplicada para produtos fora do Mercosul).
Nesta toada, já está em processo de consulta pública acordos comerciais entre o Mercosul, Vietnã e Indonésia, alguns dos principais concorrentes do setor em nível mundial. Levantamento recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que, caso o acordo seja efetivado, o principal setor prejudicado seria justamente o coureiro-calçadista brasileiro, que, com a concorrência desleal diante dos dois produtores asiáticos, perderia mais de 6% do seu PIB imediatamente.
“Porém, existe um processo de Consulta Pública para a realização de um acordo comercial entre o Mercosul, Vietnã e Indonésia, sem a prometida redução mais efetiva dos custos de produção. É uma comunicação dúbia, que deixa a indústria nacional insegura”
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, conta que o assunto foi levado algumas vezes para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que reiterou o posicionamento de que a abertura comercial só seria realizada com a redução proporcional do Custo Brasil. “Porém, existe um processo de Consulta Pública para a realização de um acordo comercial entre o Mercosul, Vietnã e Indonésia, sem a prometida redução mais efetiva dos custos de produção. É uma comunicação dúbia, que deixa a indústria nacional insegura”, frisa Ferreira.
No mais recente encontro entre a Coalizão Indústria, grupo formado por 15 associações representativas de importantes segmentos da indústria brasileira, com o ministro Paulo Guedes e com o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, o assunto foi novamente abordado. “Na oportunidade, o ministro reiterou a preocupação com o impacto da abertura comercial imediata na indústria, ressaltando que a abertura é uma vontade do Governo, pela sua orientação liberal, mas que só será realizada mediante redução proporcional do Custo Brasil. Mas sabemos que existe uma pressão interna que não pensa dessa maneira, e é essa pressão que nos preocupa”, conta Ferreira, presente no evento.
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