O uso de fantoches é uma das formas mais simples e antigas de se contar histórias. Buscando resgatar essa tradição e levá-la às telas para o público infantil, a Lumine lançou “Cidade Amarela”. A série é uma produção original da plataforma de streaming, e seu primeiro episódio “O Ratinho do Campo e o Ratinho da Cidade”, está disponível gratuitamente no YouTube.
A primeira temporada, dividida em cinco partes, tem como pano de fundo as Fábulas de Esopo. Todos os dias, na hora de colocar seu filho para dormir, um pai compartilha uma série de histórias. Em comum, elas trazem um ensinamento universal, buscando ajudar as crianças a lidar com dilemas morais no seu dia a dia.
Calma e artesanalidade: na contramão da indústria do entretenimento
“Os desenhos atuais são muito computadorizados, complexos, acelerados e em 3D. Nós quisemos retomar um formato clássico, que é o fantoche, para transmitir mensagens profundas e valores elevados. De um jeito leve e divertido, tratamos sobre honestidade, persistência e importância da família, entre outros temas”, diz a diretora e roteirista Julia Sondermann.
Ela escreveu o roteiro e dirigiu a animação ao lado de Gustavo Leite. A trilha sonora também é assinada pelo Gustavo, com produção da série sob responsabilidade de Janaína Martins. Dois ilustradores participaram do processo.
Segundo Gustavo Leite, a Lumine buscou fazer a série do modo mais artesanal possível. “Foi tudo do zero. Cada frame da animação foi pensado como um quadro de arte, para ser harmônico por si só. Não utilizamos fundos genéricos ou desfocados, como se tornou comum nas produções infantis em todo o mundo. Tudo foi feito a mão e com referências artísticas. E esse esforço gera um produto único, bem diferente da lógica industrial e de escala que hoje é corrente”, destaca. “Resgatamos a arte do fantoche, mas com uma estética nova, belas imagens e profundidade de campo”, acrescenta.
Para a confecção dos fantoches, foi contratado um artista que dedicou toda sua vida a essa forma de expressão: Evaldo Gambim. Os bonecos foram encomendados pela equipe de produção, e suas roupas todas, personalizadas.
“Nosso objetivo foi que ‘Cidade Amarela’ se parecesse com um livro animado, e não com um desenho frenético. Queremos devolver um pouco de calma para as crianças, com um ritmo que possam, além de assistir, observar a série no detalhe. E, assim, proporcionar um momento especial. Teve muito zelo”, pontua Julia, que adianta que a segunda temporada já está em produção.
Pensado para as crianças
Fundador da Lumine, Matheus Bazzo ressalta que esse lançamento e os demais itens do acervo da Lumine Kids, seção infantil da plataforma de streaming, passam por muitas discussões. “Sabemos a responsabilidade que é produzir conteúdo para criança. Por isso, refletimos muito sobre os atos de cada personagem e sobre as mensagens que queremos transmitir.”
As preocupações não se encerram aí. A plataforma de streaming é a única que tem o recurso de definir o tempo de consumo para o público infantil. Os pais podem estabelecer, por exemplo, 15 minutos como limite para seus filhos e, depois desse período, a reprodução é automaticamente interrompida. “Somos absolutamente comprometidos com a qualidade dos nossos conteúdos. Mas só isso não basta. O tempo é uma questão fundamental. Com o timer, os pais têm a possibilidade de definir isso também”, expressa Bazzo. “Acreditamos muito que a utilização das telas, sobretudo pelas crianças deve se dar de forma bastante cautelosa e consciente, evitando qualquer tipo de prejuízo ao desenvolvimento.”
Outras funcionalidades se somam a essa na seção infantil, que foi criada há quase dois anos e conta com um design diferenciado, que traz mais cores e suavidade nas informações. A curadoria seleciona quais títulos ficam disponíveis nessa área do aplicativo. E, caso ocorra uma alteração do perfil kids para o normal, é solicitada a inclusão de senha, o que impede que as crianças acessem conteúdos diferentes daqueles recomendados.