Concedido pelo governo federal em 2020, o auxílio emergencial foi uma medida que ajudou a amenizar um impacto maior da crise econômica nas pessoas com maior vulnerabilidade social. Pagos entre o final do primeiro semestre do ano e dezembro de 2020, os recursos ajudaram a população mais carente a enfrentar um momento totalmente inédito e de enormes perdas em quase todos os extratos sociais do RS e do Brasil.
Como a pandemia não arrefeceu, as equivocadas restrições aos setores produtivos foram mantidas e até ampliadas.
O início de novas rodadas do auxílio, com mais quatro parcelas, a partir deste mês de abril, de R$ 150, R$ 250 e R$ 375, limitado a um benefício por família carente, serve como um paliativo para compensar as perdas gigantescas que boa parte da população brasileira enfrenta desde março de 2020.
“Como a pandemia não arrefeceu, as equivocadas restrições aos setores produtivos foram mantidas e até ampliadas, o que contribui para aumentar os indicadores de desemprego e da não criação de novos postos de trabalho. Como a tão esperada renda para milhões de famílias não está sendo originada no trabalho, depender desse auxílio emergencial é, para muitos, a única opção de sobrevivência contra a pobreza e a miséria”, destaca o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, por exemplo, mostra, que na Região Metropolitana de Porto Alegre, a renda domiciliar per capita dos 40% mais pobres da população teria caído 34,6% entre 2019 e agosto de 2020, caso não existisse o auxílio emergencial. Com o benefício, no entanto, esta queda foi bem menor, de 9,6%, o que, como já foi dito, teve o efeito de amenizar os prejuízos que a crise econômica trouxe, especialmente para os mais vulneráveis.
Ainda que o benefício a ser concedido neste ano seja menor do que o de 2020, portanto com impacto mais reduzido na economia, para quem não dispõe de nenhum outro recurso para sobreviver acaba fazendo a diferença.
Portanto, não é de se esperar que o auxílio emergencial traga reflexos expressivos para setores como o comércio, por exemplo. Não se pode prever que com o montante concedido pelo governo federal as famílias mais carentes terão poder de compra para buscarem produtos que não lhes garanta a sobrevivência, como alimentos e medicamentos. Inclusive porque existe, neste ano, uma redução no total de pessoas que terão direito ao benefício. Eram mais de 68 milhões em 2020 e, em 2021, serão cerca de 46 milhões de beneficiários. No Rio Grande do Sul, devem ser beneficiadas cerca de 1,7 milhão de pessoas.
Devemos considerar que em 2020, foram disponibilizados quase R$ 300 bilhões através do auxílio emergencial em todo o país, sendo que aproximadamente 35% desse total foi utilizado pela população em compras no comércio brasileiro. Como neste ano o recurso é muito menor, não apenas nos valores das parcelas, mas no montante disponibilizado, cerca de R$ 45 bilhões, é possível que entre 25% e 30% desse total seja destinado ao consumo varejista, cerca de R$ 11 bilhões em todo o país, bem aquém dos R$ 103 bilhões que foram dirigidos ao setor no último ano. Para o comércio do RS, a expectativa gira em torno de R$ 450 milhões.
“Claro que, para o comércio, a possibilidade de ser contemplado com parte deste recurso pode fazer a diferença para muitos empreendimentos, especialmente as lojas de micro e pequeno porte. Aliás, os pequenos negócios do varejo enfrentam um momento de extrema fragilidade, não tendo quase nenhum acesso a recursos governamentais que garanta a sua sobrevivência. Neste cenário, o poder de consumo da população mais vulnerável, sendo acrescido do auxílio emergencial, ajuda a dar um pequeno alento à pequena loja de rua, ao pequeno mercado, ao pequeno bazar. Por isso, a campanha que a FCDL-RS promove, de incentivar as compras das empresas locais de cada município é extremamente importante”, enfatiza Vitor Augusto Koch.
A expectativa para que aconteça a reversão deste cenário passa, necessariamente, pela ampliação da cobertura vacinal, pelo arrefecimento da pandemia, com a consequente retomada econômica do Rio Grande do Sul e do Brasil.