Nutricionista alerta que 2 milhões de pessoas têm doença celíaca no Brasil

Por Marcel Vogt

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial tem diagnóstico de doença celíaca, desencadeada pela ingestão de glúten. No Brasil, o dado representa cerca de 2 milhões de pessoas. A convite do vereador Raizer Ferreira (PSDB), a presidente da Associação dos Celíacos do Brasil – Seção Rio Grande do Sul (Acelbra-RS) e também nutricionista, Fabiana Magnabosco, e a secretária da diretoria, Rozimeri Dorr, participaram da sessão desta quarta-feira (31), para falar sobre a campanha Maio Verde e trazer esclarecimentos sobre a enfermidade.

O diagnóstico leva cerca de seis a oito anos para ser realizado.

Como ocorre com as demais condições autoimunes, a doença celíaca é caracterizada por uma desordem no sistema imunológico que leva o corpo a atacar seus próprios tecidos, causando um processo inflamatório. Nesse caso, os anticorpos produzidos pela intolerância ao glúten danificam o revestimento do intestino delgado, prejudicando, dentre outros, a absorção de nutrientes.

Proponente da ação, Raizer destacou a importância de trazer a campanha ao público e das atividades de conscientização sobre a doença celíaca, considerada autoimune e crônica. “Estou aqui como agente público para dar visibilidade ao tema, promover a conscientização e apoiar as pesquisas com o objetivo de aumentar a qualidade de vida dos que têm essa intolerância”, enfatizou.

Fabiana Magnabosco ressaltou que a campanha é um ótimo momento para trazer mais conscientização sobre o tema, embora a associação trabalhe anualmente com atividades que busquem levar informações tanto para a população quanto para os agentes de saúde. A presidente da Acelbra explicou que a doença celíaca é desencadeada pela ingestão de glúten, proteína presente em derivados de trigo, centeio e cevada. “O diagnóstico leva cerca de seis a oito anos para ser realizado. É demorado. Por isso, quando temos espaço para falar sobre o assunto é importante. Muitos médicos não percebem pelos sintomas apresentados, que podem ser diversos, que se trata de doença celíaca. A pessoa sofre e acaba tendo outras enfermidades desencadeadas em função disso”, afirmou Fabiana que demorou 10 anos para confirmar que era celíaca.

Ela salienta como fundamental a conscientização das equipes de saúde, e fez um pedido para que quando o paciente chegue ao posto de saúde, os profissionais consigam ter a sensibilidade de pensar que ele pode, pelos sintomas apresentados, ser celíaco ou ter outra desordem em função do glúten. “Temos uma lista de mais de 500 sintomas, e eles não se restringem ao trato gastrointestinal, então outras especialidades podem fazer o diagnóstico. Também há um protocolo clínico dentro do Sistema Único de Saúde para auxiliar no processo”, esclareceu.

Fabiana falou, ainda, que não cabe mais na realidade atual considerar essa doença como rara, devido aos índices de acometidos e ao fato de os diagnósticos serem cada vez maiores. “Muitos estão sofrendo, esperando consultas e exames, na maioria simples, que temos na rede pública de saúde. A Acelbra está disponível para falar sobre a doença nas instituições. Também oferecemos treinamentos e capacitações para que o diagnóstico seja mais rápido e para que o paciente possa ter mais qualidade de vida”, disse. Ela complementou enfatizando que a condição não é considerada uma doença infantil, e que pode ser diagnostica em jovens, adultos e, inclusive, idosos.

O vereador Felipe Kuhn Braun (PP) elogiou a iniciativa e contou que uma conhecida demorou cerca de 16 anos para descobrir a intolerância e, por isso, teve inúmeros problemas de saúde. “Pessoas como vocês estarem promovendo ações e fazendo um trabalho de divulgação e de conscientização é fundamental”, falou o progressista.

Raizer Ferreira destacou que nos mercados, por exemplo, já se encontram sessões especiais para os celíacos e indagou o que mais precisaria ser feito. Neste sentido, a presidente da associação lembrou que houve uma popularização dos produtos sem glúten a partir de 2014/2015, mas que ainda falta fiscalização e um trabalho dos próprios celíacos em cobrar que nas gôndolas dos estabelecimentos, por exemplo, não tenham produtos comuns, como óleo, feijão, arroz, que são naturalmente sem glúten.

Vladi Lourenço (PSDB) destacou quais os produtos que mais trazem prejuízos à saúde. “Tudo o que for derivado de trigo, centeio e cevada tem glúten, inclusive bebidas como a cerveja. Há 20 anos, não tinha a lei da rotulagem, que é de 2003 e que completou 20 anos agora em maio. Tivemos um aumento nos tipos de produtos ofertados, mas muitos não são seguros porque podem ter contaminação cruzada”, quando o alimento é produzido, armazenado, embalado ou preparado em um local onde outros produtos que contenham a proteína também são.

Sobre o tratamento, a nutricionista explicou que é basicamente não ingerir glúten e cuidar com a contaminação cruzada para que o intestino possa ir se recuperando. “Seguimos vida normal. A doença somente fica ativa quando a pessoa está consumindo os alimentos contraindicados. Caso contrário, ela entra em remissão”, concluiu.

Foto: Maíra Kiefer/Divulgação | Fonte: Assessoria
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