Na manhã da última segunda (26), durante a abertura do 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio – CNMA, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias participou da mesa-redonda “Ambiente Econômico e Político”, quando falou sobre a importância da agropecuária na retomada da economia brasileira no pós-pandemia e o acordo União Europeia – Mercosul, que está em discussão atualmente.
Participaram da conversa a ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes e a líder da Aliança das Cooperativas Internacionais da América Latina, a uruguaia Graciela Fernandez, sob moderação da jornalista Mônica Waldvogel.
Tereza Cristina elogiou as produtoras rurais, evidenciando os desafios enfrentados por elas. “As mulheres sempre tiveram mais dificuldade de acesso ao crédito, à tecnologia, à inovação e também menor acesso ao cooperativismo, ferramenta da maior importância. Mas nós estamos trabalhando para mudar isso e incentivá-las cada vez mais”.
Sobre o setor, a ministra destacou que a agropecuária brasileira tem e terá um papel cada vez maior na recuperação da economia do país pós-pandemia. “O agro não parou durante a pandemia, apesar das adaptações necessárias na área de logística, mas conseguimos manter essa indústria a céu aberto trabalhando de forma eficiente. Produzindo, processando, distribuindo e abastecendo não só o nosso país, mas também cumprindo os nossos contratos com os mais diversos parceiros internacionais”, salientou.
Sobre o acordo União Europeia-Mercosul, tema de uma conversa recente com a ministra portuguesa em Lisboa, ela ressalta a complementariedade dos dois países em diversos segmentos da agropecuária. “O acordo, como um todo, tem vantagens para os dois lados, não só no agro, mas em diversos outros setores. Porém, para isso temos que colocar na mesa esse debate e discutir o que for preciso, de maneira responsável, mostrando o que temos de bom e o que precisamos avançar e melhorar. Colocando na balança, no entanto, sei que temos mais exemplos bons do que ruins. Os produtores europeus que combatem a nossa agricultura são fruto de desinformação”.
Tereza Cristina levantou ainda um tema delicado que vem sendo questionado por políticos europeus, que acusam o Brasil de não combater o desmatamento. “O Brasil tem leis de meio ambiente muito rígidas para o setor agropecuário e o nosso Código Florestal talvez seja um dos mais rígidos do mundo. O produtor rural tem uma porcentagem da sua propriedade em que precisa preservar a vegetação nativa; temos o CAR (Cadastro Ambiental Rural), em que estão registradas mais de 6 milhões de propriedades, e estamos sempre trabalhando para que possíveis danos que foram feitos no passado sejam reparados”, reforçou a Ministra.
Portugal
Segundo Maria do Céu, a União Europeia está num modelo de construção de políticas para o continente muito voltado para fazer face ao efeito das alterações climáticas. “Todos temos a percepção de que se há atividade econômica que precise verdadeiramente ter estabilidade do ponto de vista do ambiente-clima é a agricultura”, ressaltou a ministra da Agricultura de Portugal.
Ela explicou ainda que o acordo entre União Europeia e Mercosul é de interesse de todos desde o primeiro momento, mas que alguns países membros ainda têm suas reservas. “Para mudar isso temos que comunicar bem, de forma transparente e aberta, aquilo que todos cremos para este acordo. Entendemos que um modelo agrícola está respaldado na gestão mais eficiente dos recursos naturais, podendo alimentar ainda outros setores da atividade econômica e que estes sejam complementares, como o Turismo e a Gastronomia”.
Cooperativismo
A líder da Aliança das Cooperativas Internacionais da América Latina, a uruguaia Graciela Fernandez falou sobre o importante papel do cooperativismo no mundo, com milhões de associados. “Estamos convencidos de que no Brasil hoje o cooperativismo agrário tem uma relevância como não se vê no restante da América e que é um modelo a ser seguido. Hoje, a maioria dos setores sociais, empresas e cooperativas, estão trabalhando para fazer as adequações necessárias para enfrentar as transformações tecnológicas referentes à 4ª Revolução Industrial”.
Ela acrescentou que o impacto e as consequências futuras da pandemia servirão para mostrar a vulnerabilidade da América Latina para enfrentar esse tipo de crises, especialmente para minorias mais frágeis, como mulheres, crianças, povos nativos, trabalhadores informais, assim como boa parte da agricultura familiar e cooperativas. “Mesmo assim, uma vez mais enfrentamos uma crise e as cooperativas têm mostrado a sua capacidade de resiliência e força, mantendo os mercados abastecidos”.
5ª edição
A abertura da 5ª edição do Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio contou com a participação de Alexandre Marcílio, diretor geral do Transamerica Expo Center, que deu as boas-vindas às congressistas e falou da importância do evento para o setor e para a presença feminina no agro. “Esta edição do CNMA é muito especial, pois completamos cinco anos de muitos debates e trocas de experiências que renderam diversos frutos, geraram ações de relevância no setor e evidenciaram as mulheres como grandes protagonistas dos avanços do agronegócio brasileiro“.
Ainda como parte do início do evento, a gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios, Renata Camargo, fez uma homenagem à embaixadora da edição: a agropecuarista, Sônia Bonato, visivelmente emocionada de estar representando tantas mulheres que contribuem para a evolução do agro.
Em seguida, o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Marcello Brito, falou sobre dois aspectos que, segundo ele, resumem o evento: coragem e visão de futuro. “Há cerca de 30 dias, o Brasil perdeu um dos seus maiores empreendedores, que sempre demonstrou essas qualidades, Aloísio Faria, que foi quem idealizou o CNMA. Este evento que é um exemplo a ser seguido, porque coloca junto mulheres que traduzem o sentido de vida, de disrupção e que trazem isso para o negócio. Tenho uma satisfação enorme em ver o sucesso desse evento e que consagra esse grande homem que nos deixou esse ano. Parabéns a todas as mulheres, homens, ou seja, todos os empreendedores que nos acompanham”.
#MinhaVozNoAgro
Após o sucesso da primeira edição do painel “MinhaVozNoAgro, o CNMA trouxe novamente a participação de algumas mulheres protagonistas do agro para compartilharem suas experiências. No espaço de hoje foram recebidas Letícia Zamperlini, da ZJ Investimentos; Carminha Maria, da Sementes Oilema e Iara Corrêa, gestora do agronegócio, com a moderação do jornalista e escritor José Luiz Tejon e da diretora-executiva do Bradesco, Glaucimar Peticov.