A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Feitoria possui um tratamento de esgoto considerado diferenciado, que é chamado de misto, pois trata o pluvial e o cloacal. Por conta disso, o Semae recebeu na última terça-feira (9), a visita de representantes da Agência Nacional das Águas (ANA) e da Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Agesan-RS), empresa que regula a autarquia desde o final de 2022, nas estruturas da ETE. Junto deles também vieram a Associação Brasileira de Agências de Regulação (ABAR) e o Ministério Público do Rio Grande do Sul. Estes órgãos participaram de diversas agendas a convite da Agesan, e a ETE Feitoria foi uma das escolhidas por seu modelo peculiar de tratamento.
Conforme o novo Marco Legal do Saneamento Básico, do Governo Federal, fica estabelecido que 90% da população deve ter atendimento de coleta e tratamento de esgotos até 2033. Com isso, a Agesan vem realizando estas agendas, buscando alternativas viáveis para cumprir o que propõe a nova legislação. O diretor-geral da Agesan, Demétrius Gonzalez, aponta que “o separador absoluto é um sistema muito caro, então, terão municípios que não vão conseguir atingir essa meta se forem colocar canalização de esgoto em toda a cidade. Dessa forma, trouxemos a ANA para conhecer a limpeza dos sistemas individuais de esgotamento sanitário, que, inclusive, será uma das táticas utilizadas em São Leopoldo para atingir essa universalização. Além disso, apresentamos uma estação de tratamento de esgoto que trata esgoto misto, que também é uma das outras possibilidades para atingir a meta ao menor custo, sem onerar a população”, coloca.
Algumas estações de tratamento possuem separadores absolutos, onde recebem apenas esgoto cloacal. Com o sistema misto, a ETE Feitoria tem a união do cloacal com o pluvial. A gerente de Operação de Sistemas de Esgotamento Sanitário do Semae, Caroline Theves Carabajal, explica o que esse tipo de tratamento traz de benefícios. “A gente consegue receber um volume maior de efluentes por conta do sistema misto. O nosso tratamento é baseado em soluções naturais, que são uma lagoa facultativa aerada e um “wetland”, conhecido também como banhado construído. Então, temos uma baixa carga orgânica afluente, justamente por ser um esgoto misto, mas temos uma alta eficiência de tratamento, conseguindo entregar em torno de 70 mil metros cúbicos de esgoto tratado por mês no arroio que passa nos fundos da ETE, que é o arroio Palmeira”, explica.
A superintendente de Regulação de Saneamento Básico da ANA, Cíntia Leal Marinho de Araújo, vê com olhar positivo a estrutura do Semae na Feitoria. “É muito importante essas diferentes visões e diferentes soluções, pois mostra como precisamos aprender e ver a realidade. Estamos gostando muito, muitas lições aprendidas. A ideia é essa, conseguir pegar localidades similares para conseguir trazer várias soluções que podem vir nas normas de referência, principalmente soluções individuais, de transição e às vezes, definitivas”, exalta a superintendente.
O secretário Geral de Governo, Nelson Spolaor, também esteve presente e apontou que o investimento realizado na ETE Feitoria segue se mostrando assertivo. “Isso é uma demonstração do quanto São Leopoldo e as ações do Semae têm contribuído do ponto de vista do tratamento do esgoto e consequentemente com a qualidade de vida das pessoas, além do cuidado com a questão ambiental. Então, a autarquia está de parabéns pelo trabalho que vem sendo desenvolvido, e muito nos alegra receber aqui agências nacionais e de outros estados para ver a experiência e o exemplo de uma estação que foi inaugurada em 2010, no outro mandato do prefeito Vanazzi”.
O diretor-geral do Semae, Geison Freitas, também comemora o trabalho realizado na ETE. “Nós tratamos todo o esgoto da Feitoria, aproximadamente 30 mil pessoas, nesse sistema de esgoto misto. Então, a Agesan trouxe a ANA aqui para que São Leopoldo talvez seja um exemplo para outros municípios de como fazer o tratamento misto, como usar o pluvial e o cloacal num mesmo sistema de tratamento. Estamos mostrando para eles toda nossa ETE, assim como nosso Wetland”, ressalta o diretor.
A promotora de justiça Caroline Spotorno, do Ministério Público, aponta quais serão os próximos passos após essa visita. “Primeiramente, a ANA vai verificar se esse sistema pode ser utilizado em outros locais e como seria expandido. Também, vai verificar se poderá ser permanente ou transitório. Depois, conforme as regulamentações da ANA, o MP poderá avançar”.