Fim de ano nas estradas é sinônimo de férias, festas e descanso, mas, também, de abandono de animais. É comum ver as portas dos carros serem abertas para deixar o pet no acostamento, e os motivos apontados são inúmeros: a família não tem com quem deixar o bichinho, ele cresceu mais do que imaginavam ou não conseguem arcar com os gastos envolvidos. Não importa o motivo: abandonar animais é crime previsto em lei, com reclusão. “Somente com a guarda responsável é possível evitar esse ato que, além de criminoso, é muito cruel”, destaca Lisandra Dornelles, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS).
“Somente com a guarda responsável é possível evitar esse ato que, além de criminoso, é muito cruel.”
As campanhas “Dezembro Verde – Não me deixe pra trás agora” e “Guarda Responsável – Eu sou uma vida” chegarão até à sociedade em uma ação orientativa com o patrocínio da Supra e apoio do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado do Rio Grande do Sul (Sulpetro). No dia 19 de dezembro, em postos de gasolina espalhados por diversos municípios gaúchos, o flyer com as principais dicas elaboradas por médicos veterinários e zootecnistas para tomar uma decisão responsável de levar um bichinho será distribuído à população.
As campanhas são complementares e abordam deveres e responsabilidades que o tutor deve ter com o animal, incluindo alimentação, cuidados com a saúde, lazer, higiene e assistência veterinária, entre outros. Ao decidir por ter um bichinho de estimação, é preciso ter em mente quem poderá cuidar dele em períodos de ausência, como férias e viagens. Também devem ser apontadas as despesas que um novo membro da família trará. Um animal, de acordo com a espécie, pode viver de 2 a 80 anos e, conforme envelhece, tende a desenvolver doenças cujo o tratamento, às vezes, requer altos custos.
É fundamental oferecer comida de qualidade, água fresca e abrigo. Vacinação, castração, higiene e combate a parasitas são essenciais, especialmente para cães e gatos. E, tudo isso, sem esquecer que é preciso dedicar tempo proporcional às necessidades da espécie, e que amor e carinho garantem o bom desenvolvimento dos bichinhos. Estar ciente das necessidades físicas, hábitos, temperamento e porte da espécie facilita na escolha de um pet que combine com o estilo de vida da família.
Cães e gatos que vivem nas ruas ficam sujeitos a desenvolver uma série de doenças em função da desnutrição e do próprio ambiente. Também estão vulneráveis aos maus-tratos e métodos violentos de controle populacional, como o uso indiscriminado de medicamento hormonal inibidor de cio canino e felino sem prévia análise clínica de um médico veterinário. “Quem causa sofrimento aos animais está afetando o equilíbrio da saúde única: humana, animal e ambiental”, explica Lisandra. Em meio aos perigos compartilhados entre animais negligenciados e seres humanos, um dos principais é o vírus da raiva. A Associação Mundial Veterinária (WVA, na sigla em inglês) estima que quase 60 mil pessoas morrem todos os anos após contrair o vírus da raiva por meio da mordida de cachorros infectados.
E não são apenas cães e gatos vítimas desses crimes, embora sejam a maioria – de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44,3% dos domicílios do País possuíam pelo menos um cachorro e 17,7% possuíam pelo menos um gato, dados referentes a 2013. São inúmeras as espécies que recebem um lar e depois são descartados em qualquer lugar, desde animais exóticos, como macacos, répteis e pássaros, roedores e até mesmo equinos e bovinos.