A concessão de linhas de crédito, viabilizadas através do Banco do Povo e destinadas a auxiliar empreendedores locais, especialmente nesta época de pandemia, quando a economia sofreu forte abalo pelo abre e fecha das atividades, bateu recorde. Em um período de apenas 45 dias foram contratados mais de R$ 1 milhão em financiamentos, quantia que em tempos considerados normais levaria cerca de seis meses para ser liberada. Com o montante foram atendidas 94 empresas.
São valores que servem como capital de giro e também aquisição de equipamentos para melhorar o atendimento aos clientes.
Neste início do ano, com o propósito de minimizar os efeitos econômicos negativos causados pela pandemia de Covid-19, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul implantou um programa emergencial para alavancar os negócios, manter empregos e gerar renda. A iniciativa contemplou três diferentes linhas de crédito, uma com valores de até R$ 5 mil, outra de R$ 5 a R$ 20 mil, e uma terceira para empresas maiores que podem financiar até R$ 150 mil para capital de giro.
Essa última foi viabilizada a partir da criação de um fundo garantidor. Na avaliação do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Márcio Farias Martins, os números mostram a preocupação do poder público municipal com todos os empreendedores, desde os profissionais liberais até as microempresas.
“São valores que servem como capital de giro e também aquisição de equipamentos para melhorar o atendimento aos clientes e incrementar o faturamento das empresas”, disse. Ele ressaltou ainda a liberação de valores mais expressivos por meio de empréstimos que alcançam até 150 mil reais.
“É uma nova linha de crédito que trouxe para dentro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, uma nova faixa do empresariado que não era atendida no passado”, ressaltou.
Em meio a tantas alternativas, a linha de crédito mais procurada até agora, segundo o coordenador do Banco do Povo, Paulo Mans, é justamente a que oferece os valores mais baixos.
“É uma linha que atende a parcela da população que mais tem sofrido com a interrupção das atividades durante a pandemia. São cabeleireiros, pedreiros, pessoal do ramo de eventos, enfim, são aqueles bem pequenos que de modo geral tem na atividade o seu único meio de sustento”, disse.
Solução para evitar fechamento de empresas
Por meio dessa modalidade já foram liberados R$ 348.646,79 para 70 clientes.
Dentro desse grupo está o empresário Fernando Gabriel Feix, dono de duas quadras esportivas de grama sintética, uma no Bairro Arroio Grande e outra no Centro. Antes da pandemia o negócio ia de vento em popa e era difícil encontrar horário vago para novas locações.
Com a chegada do coronavírus em março do ano passado e o decreto do governo do Estado que paralisou inúmeras atividades, ele viu seu negócio minguar. A primeira parada foi em 17 de março, reabertura em 18 de setembro, novo fechamento no começo de dezembro e retorno às atividades em 23 de dezembro, com nova interrupção em 22 de fevereiro.
Desde o último dia 15 de maio, Fernando voltou a trabalhar. Devido ao abre e fecha, a situação financeira da família sofreu um forte abalo. “Vivo só disso, é minha principal atividade. Eu tinha alguma reserva, mas com o tempo acabou e me obriguei a voltar a trabalhar como funcionário. Tinha uns contatos com pessoas do meu antigo emprego e trabalhei cinco meses”, disse.
Fernando conta que a pandemia impactou muito no seu negócio e que além dos problemas financeiros vieram também os psicológicos. “Está sendo muito difícil, algumas contas ficaram para trás, tivemos que readequar nosso consumo, nosso custo de vida. O setor de eventos foi o mais atingido. Recorri o empréstimo para não ter que fechar as quadras, uma está na corda bamba, se eu tiver que parar de novo, eu não vou ter alternativa a não ser fechar”, disse ele.
Embora já tenha tomado outros empréstimos junto ao Banco do Povo, a decisão agora veio a partir de uma notícia veiculada em jornal de circulação local, quando tomou conhecimento dos juros e demais facilidades. “Já utilizei umas quatro vezes e acho esse programa importantíssimo. Me ajudou muito todas as vezes que precisei recorrer a esta forma de financiamento”, disse.
Modalidades
A alternativa mais procurada no atual momento é a linha de crédito que disponibiliza valores que variam de R$ 1 mil a R$ 5 mil, com prazo de quitação de 24 meses, incluindo carência de seis. É voltada a profissionais autônomos, prestadores de serviço, micro e pequenas empresas, empreendedores informais e MEIs, entre outros.
Também é possível acessar como pessoa física e é necessário residir e ter a atividade em Santa Cruz.
Uma segunda modalidade oferecida é o financiamento tradicional, com valores que vão de R$ 5 mil a R$ 20 mil. Os juros efetivos correspondem a metade dos cobrados pelos bancos tradicionais.
Uma terceira linha de crédito, intermediada pelo Banco do Povo junto ao BRDE e Badesul – RS Garante – está sendo oferecida para atender empresas maiores, já consolidadas, que poderão financiar de R$ 40 mil a R$ 150 mil para capital de giro. Nesse caso o prazo para quitação é de até 36 vezes com seis de carência e juros.
Interessados na contratação de quaisquer uma dessas linhas de crédito podem ligar para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, pelos telefones 2109 9270 ou 2109 9226. Em razão da pandemia o atendimento acontece com hora marcada.
Fonte: Assessoria