Abrigo para pessoas em situação de rua em Campo Bom completa um mês com até 16 ocupantes por noite

Por Gabrielle Pacheco

Criado pela Prefeitura de Campo Bom para receber a população em situação de rua, o espaço de pernoite concebido como uma das ações de contençao ao coronavírus completa um mês de funcionamento nesta quinta-feira, 14, com muitos motivos a comemorar. Foram, ao menos, 520 refeições servidas e ocupação diária de 10 a 16 pessoas em média. O abrigo foi tão bem aceito, que já criou público cativo. No período, 33 pessoas acessaram o albergue 260 vezes para receber janta, ter acesso a banho quente, aquele sono revigorante e o principal: dignidade. Dezessete servidores municipais  se revezam diariamente  para ofecer auxílio às pessoas que não têm para onde ir quando o sol se põe e que encontram acolhida no abrigo. “Nossa preocupação, no início do trabalho, era com a adesão, mas a aceitação nos surpreendeu e nos deixou muito felizes. As equipes são extremamente dedicadas para fazer esse trabalho que não é fácil. Exige atenção durante a noite toda. Também não tivemos nenhuma intercorrência, como briga ou outro tipo de coisa”, observa o secretário de Desenvolvimento Social e Habitação, Tiago de Vargas.

O imóvel, antes utilizado como Centro Municipal de Educação (CME), na Avenida Emílio Vetter, 520, bairro Genuíno Sampaio, foi adaptado para servir de dormitório enquanto permanecer a crise sanitária provocada pelo coronavírus. Tornou-se uma importante ferramenta de contenção da pandemia entre essa parcela vulnerável da comunidade campo-bonense, pois uma das maneiras mais eficazes de se prevenir a Covid-19, alertam os principais organismos de saúde, é a limpeza das mãos. Além de oferecer sabão, água e xampú para o asseio pessoal, o abrigo garante que as noites não sejam passadas ao relento, diminuindo os riscos de contrair outras doenças que podem refletir na superlotação das unidades de saúde. “São colocados colchões no chão para eles descansarem. A comunidade tem nos ajudado muito. Recebemos doações de tecidos, travesseiros, cobertores e alimentos. Está sendo, também, uma oportunidade de conhecermos melhor a realidade dessas pessoas”, pontua a coordenadora geral da Assistência Social de Campo Bom, Luciane Taufer.

O espaço de acolhimento é mantido pela Prefeitura. O abrigo tem capacidade para receber 25 pessoas por noite e funciona das 19h às 7h. Quem quiser usufruir, deve ir ao espaço ou ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), na Rua Rui Barbosa, 197, Centro, para cadastramento. Conforme a coordenadora do Creas, Daniela Ortácio, Campo Bom tem uma população flutuante de 78 pessoas em situação de rua, sendo 38 com presença constante no município. “Temos pessoas que acessam o abrigo desde o primeiro dia. É muito positivo porque elas estão tendo um vínculo maior com o Creas e isso, futuramente, quando as coisas voltarem à normalidade, vai nos permitir investir mais no projeto de saída delas da rua. Estão vivenciado uma nova experiência de rotina, de cuidado e de proteção”, comenta Daniela. A previsão inicial é de que o espaço permaneça em funcionamento até 30 de agosto, mas é possível que haja prorrogação do serviço em decorrência da pandemia.

Como funciona

O espaço tem refeitório, cozinha, banheiros e colchões com cobertas, travesseiros e lençóis. Quem chega, passa por triagem para verificação de sintomas da Covid-19, higieniza as mãos com álcool em gel, recebe máscaras e kits de higiene pessoal contendo escova de dente, aparelho de barbear, entre outros utensílios. Todos os objetos de higiene pessoal são etiquetados e numerados para que não haja compartilhamento e, por consequência, risco de transmissão do vírus. Os pertences são guardados em sacolas para devolução no dia seguinte. Educadores sociais se encarregam de explicar as regras, como horário de banho e refeições, e auxiliam nos demais procedimentos. A posição dos colchões e a utilização do refeitório e de todos os espaços compartilhados obedecem regras de distanciamento e ventilação. Quem quiser, pode olhar filme ou participar de outras atividades antes de dormir. Às 6 horas do outro dia, os moradores em situação de rua começam a ser acordados e precisam deixarem o local até as 7h. Eles são orientados a ir no Creas fazer a higienização matinal e pegar café da manhã e almoço.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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