Representando o calçado verde-amarelo, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) participou do Fórum Virtual do Calçado Latino-Americano, que reuniu representantes do setor do Brasil, Argentina, México, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Uruguai, Venezuela, Guatemala e El Salvador. Organizado pela Câmara das Indústrias de Calçados do Equador (Caltu – sigla em espanhol), o evento ocorreu nos dias 29 e 30 de junho.
Existe uma mudança de cultura no setor calçadista brasileiro que foi estimulada durante a pandemia e as restrições impostas”.
Na oportunidade, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, apresentou dados da indústria nacional, que apesar do impacto provocado pela Covid-19, segue sendo a quarta maior produtora do planeta, atrás da China, Índia e Vietnã. No ano passado foram produzidos 763,7 milhões de pares, dos quais 93,8 milhões foram embarcados para 170 destinos. Apesar dos números expressivos, houveram quedas de 18,4% em produção e 18,6% em exportação em relação a 2019. Para 2021, a expectativa é de uma recuperação gradual, com crescimentos de 10% a 14% em produção e de 10 a 16% em exportação ante 2020. “Mesmo com esses números, seguiremos abaixo dos níveis de 2019”, disse o dirigente. Para a retomada do setor, Ferreira destacou que o setor calçadista brasileiro vem trabalhando a digitalização do mercado, apostando em ações digitais, como feiras, rodadas de negócios, porém sem deixar de lado os eventos físicos. “A digitalização é um caminho sem volta, mas seguimos nos presenciais. Existe uma mudança de cultura no setor calçadista brasileiro que foi estimulada durante a pandemia e as restrições impostas”, comentou.
Defesa comercial
Dois grandes temas uniram os integrantes calçadistas do Mercosul: a importância da ratificação do acordo de livre comércio entre o Bloco e a União Europeia e a defesa comercial contra a importação predatória. Ferreira ressaltou que a Europa responde por mais de 20% das exportações brasileiras de calçados e que tem potencial para aumentar ainda mais esse número caso o acordo seja efetivado.
Já com relação à defesa comercial, o executivo destacou a importância da manutenção da Tarifa Externa Comum (TEC) e a exclusão dos calçados do possível acordo de livre comércio entre o Bloco e Vietnã /Indonésia. “Ambos os temas, tanto a diminuição da TEC quanto o acordo com os países asiáticos colocariam toda a indústria calçadista da Região em risco. Ocorreria uma verdadeira invasão de produtos asiáticos com preços muito mais baratos, mas que trazem consigo uma série de subsídios governamentais e a exploração de mão de obra, já que ambos os países não ratificam os mais importantes acordos de boas práticas no trabalho no âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, avaliou o dirigente, sendo seguido pelos demais integrantes do Mercosul.