E-commerce representa 30% das vendas do setor calçadista

Por Amanda Krohn

Conforme a Inteligência de Mercado da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o aumento das vendas no e-commerce de calçados foi de 69% em 2020 e de 7,4% em 2021. Segundo o mesmo levantamento, as vendas no canal digital responderam por 32,8% do total em 2020 e por 30,1% em 2021 – números semelhantes aos registrados pelo segmento nos Estados Unidos (34%) e Europa (33%). De acordo com a Neotrust, empresa que monitora o ambiente digital, o e-commerce, como um todo, cresceu quase 74% em 2020 e mais de 27% em 2021, chegando a mais de R$ 160 bilhões em faturamento.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o e-commerce é um canal de vendas em franca expansão para o setor calçadista, sendo que as empresas do segmento estão se preparando para atender a uma demanda crescente por parte dos consumidores. “O receio de comprar calçados on-line está ficando no passado, pois tanto a indústria quanto o varejo estão preparados para atender, com agilidade, processos relativos ao pós-venda, caso de trocas e reembolsos, por exemplo”, avalia o executivo, ressaltando que há dez anos o canal representava 5,6% das vendas do setor.

O receio de comprar calçados on-line está ficando no passado, pois tanto a indústria quanto o varejo estão preparados para atender, com agilidade, processos relativos ao pós-venda, caso de trocas e reembolsos

Vicenza: crescimento de 382% desde 2019

Um dos cases que pode ilustrar o crescimento do e-commerce no ramo calçadista é o da Vicenza. Com uma produção diária de 1,2 mil pares de calçados femininos, a empresa de Igrejinha/RS comercializa, por meio de canal digital próprio cerca de 20% do seu faturamento total. A diretora da marca, Rafaela Furlanetto, destaca que o canal vem ganhando importância desde 2019, quando a empresa criou uma flagship – loja conceito – para atuar no mundo digital. “Em 2020, tivemos um crescimento no e-commerce de 216% em comparação ao ano anterior. Já em 2021, o crescimento foi de 166%, em relação ao ano anterior. Para 2022, a previsão de crescimento é de 129% no canal”, informa.

Rafaela destaca que o principal foco de receita do e-commerce está situado no Google Ads, onde a marca contempla toda a jornada de compra do usuário. “Já no canal de Social Ads, estamos trabalhando com anúncios patrocinados, com o objetivo de gerarmos vendas com públicos em diferentes momentos do funil (início, meio e fim). Além disso, o posicionamento da marca é fortemente trabalhado com a intenção de consolidar e fidelizar cada vez mais os clientes antigos/recorrentes e novos da Vicenza”, conta a diretora.

Segundo Rafaela, o crescimento do canal está atrelado às estratégias que a marca vem realizando ao longo dos últimos anos e a mudança de comportamento do usuário. “A influência do digital, principalmente com a vinda da pandemia, acelerou ainda mais esse comportamento. Marcas que não pensavam muito em e-commerce tiveram que pensar. E marcas, como a Vicenza, que já tinham uma presença no digital engatilhada, decolaram”, avalia. A empresária destaca que o processo também exigiu investimentos em exposição no ambiente digital, que contemplou mídia paga, CRM, atualização semanal do enxoval de comunicação e produtos do e-commerce, blog e redes sociais da marca como Instagram e TikTok. De janeiro a julho deste ano, a mídia paga (anúncios patrocinados) foi responsável por cerca de 33% do faturamento da empresa no e-commerce, de acordo com Rafaela. Além da mídia paga, a Vicenza reforça seu posicionamento nas redes sociais com o canal de CRM. “O mesmo já atingiu 22% de representatividade com envio de e-mails, pushes e até estratégias de SMS. A forte presença nas redes sociais também faz com que o engajamento e as entregas orgânicas da marca sejam excelentes”, acrescenta.

Linus: consumidor mais confiante no digital

A empresa Linus foi criada em 2018 já voltada para o ambiente digital, com 70% dos calçados produzidos com fontes renováveis e 100% deles com materiais recicláveis. A marca, com sede em São Paulo/SP, tem duas lojas físicas: a Casa Linus e um quiosque no Shopping Eldorado, ambas na capital paulista. “A Linus é uma marca nativa digital, é natural que o e-commerce seja o nosso canal de venda. Porém, uma DNVB (digital native vertical brand) não precisa se restringir ao ambiente digital nem ao seu próprio site”, comenta a CEO e fundadora da empresa, Isabela Chusid. “Por isso, além das nossas lojas físicas, estamos em mais de 50 pontos de vendas físicos no Brasil e no site de várias dessas lojas parceiras, como Amaro e AVA Intimates”, acrescenta.

A empresária ressalta que o crescimento da venda de calçados nos canais digitais se dá pela mudança no comportamento do consumidor. “As pessoas estão cada vez mais confiantes para comprar on-line, e a pandemia, sem sombra de dúvidas, foi um grande propulsor dessa tendência”, avalia, destacando que a marca tem uma forte presença nas redes sociais com posts orgânicos, mídias pagas, SEO (Search Engine Optimization), influenciadores e CRO (Conversion Rate Optimization).

Para os próximos anos, Isabela destaca que as perspectivas de crescimento são positivas. “O ano de 2021 foi um ano essencial para arrumarmos a casa e conseguirmos crescer sem ter logística ou cadeia de suprimentos como empecilhos. Já 2022 está sendo importante para entendermos a dinâmica da nossa empresa no pós-pandemia, já que dois dos primeiros três anos da marca foram durante a pandemia”, finaliza a diretora que, em janeiro deste ano, foi reconhecida na lista da Forbes Under 30 entre os seis jovens mais inovadores em Moda no Brasil.

Conforme avaliação da CEO da Linus, Isabela Chusid as pessoas estão cada vez mais confiantes para comprar on-line

Fotos: Divulgação | Fonte: Assessoria
Publicidade

Você também pode gostar

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.