O impacto da pandemia na economia gaúcha foi mais acentuado na comparação com os demais estados da região Sul e Sudeste. De acordo com Thomas Kang, economista e professor da ESPM Porto Alegre, a estiagem na agricultura foi decisiva para o pior desempenho do Rio Grande do Sul na indústria e nos serviços. “A estiagem foi um fator extra que jogou contra a economia durante a restrição de atividades na pandemia”, afirma.
Na indústria, Kang aponta para os setores de calçados e automotivo entre os mais atingidos. O setor automotivo chegou a apresentar queda de 50% de março a julho deste ano, em relação ao mesmo período em 2019. “As quedas acentuadas em calçados e no setor automotivo são um exemplo do freio no setor industrial gaúcho. Porém, de junho a julho já tivemos crescimento de 7% na indústria de transformação. Esse dado e os números do CAGED indicam uma retomada lenta” afirma o economista.
O recuo da atividade na indústria de calçados também foi refletido no setor de serviços. O comércio dos calçados, tecidos e vestuários teve performance pior no estado na comparação com os demais estados do Sul e Sudeste, assim como os setores livreiro e de móveis. De janeiro a julho, a queda nas vendas do comércio varejista foi de 5% no Rio Grande do Sul, contra 1,1% do país, segundo o IBGE. “Os efeitos da crise ainda persistirão em 2021 e o caminho de recuperação da economia gaúcha será mais longo na comparação com os demais estados do Sul e do Sudeste”, completa Kang.